A eliminação do Benfica da Liga dos Campeões foi selada às 18h50 desta quarta-feira. Duas horas e meia depois, a notícia do afastamento das provas da UEFA. O Mónaco foi vencer na Alemanha o Leverkusen e deixou Jesus apenas com as provas internas. Danny fez o golo que tombou as "águias" no gélido Petrovski.

O técnico "encarnado" sublinhou, após a derrota com o Zenit, que o Benfica saiu da Champions com qualidade. Ora isso foi exatamente oque faltou ao Benfica para poder continuar em prova. É verdade que o grupo era difícil, com quatro equipas que se equiparam, mas os "encarnados" parecem não ter levado a "Champions tão a sério. Basta a ver a forma como jogaram na Alemanha frente ao Bayer Leverkusen, fazendo descansar habituais titulares.

A derrota na Rússia apenas confirmou a má campanha dos “encarnados” na prova dos “milhões”. O Zenit, que nunca perdeu em casa com adversários portugueses, resolveu um jogo equilibrado pela técnica e qualidade dos seus dois melhores jogadores: Hulk cruzou da direita, Danny fez o golo. Apareceu numa altura em que o Zenit estava por cima, depois de uma excelente entrada do Benfica no segundo tempo, com duas boas oportunidades de golo. Num encontro tão equilibrado, os detalhes assumem importância capital. Não marcou o Benfica, acabou por sofrer.

A primeira parte teve pouca história. As duas equipas entraram em 4-2-3-1, com linhas juntas e defesas muito subidas. Consequência? Muita luta no meio-campo pela posse de bola, pouco espaço e muitas perdas de bola de parte a parte. E um árbitro "pistoleiro". Nicola Rizzoli mostrou seis amarelos (três para cada lado), alguns deles desnecessários. A melhor oportunidade pertenceu a Salvio após boa jogada de entendimento entre Talisca e Gaitán mas o remate do extremo encontrou o corpo de Lodygin. Pouco para 45 minutos de futebol de uma equipa que precisava de ganhar.

Jesus queria mais, o Benfica tinha de dar muito mais se quisesse continuar em prova. E fez, se calhar, os melhores 15 minutos nesta edição da Champions. Villas-Boas perdeu Javi Garcia por lesão muscular (já tinha acontecido o mesmo a Lombaerts no primeiro tempo, entrando o português Neto para o seu lugar) e, com isso, perdeu momentaneamente o meio-campo. A equipa de Jesus fez o seu "15 minutos à Benfica", com pressão, muita bola e oportunidades. Luisão deslumbrou-se e rematou torto quando apareceu isolado (se a bola tem caído nos pés de um avançado…), Jardel cabeceou ao lado um canto de Gaitán. Era a terceira oportunidade de golo falhada. Villas-Boas reconheceu, na flash interview, que temeu que o Benfica marcasse nesse período, Jesus lamentou as oportunidades falhadas. Os dois tinham razão.

O Zenit conseguiu libertar-se aos poucos e aproveitou para criar algum perigo, muito por culpa de alguma precipitação do Benfica na zona defensiva, a perder bolas de forma quase infantil. Numa das raras combinações Hulk-Danny, o Zenit fez golo. O brasileiro centrou, o português apareceu solto a bater Júlio César. Jesus ariscou tudo mas já era tarde. A eliminação estava consumada. Eliminação essa que começou logo no primeiro jogo, em casa, contra o Zenit. Entrada em falso, Arthur Moraes a errar, onze contra dez para o Zenit e uma derrota comprometedora. A derrota seguinte, frente ao Leverkusen, foi ainda pior pela forma como Jesus abordou o jogo. Em França poderia ter vencido o Mónaco mas falhou na finalização. E nesta competição, com jogos a serem resolvidos nos detalhes, os "encarnados" tinham de ser mais eficazes. Salvio deu conta disso mesmo.

O Zenit acabou por ser mais feliz, como reconheceu Villas-Boas, o técnico que parece ser um especialista em vencer Jesus. E Hulk, que foi "secado" por André Almeida (o melhor do Benfica), acabou por ser decisivo. Mais uma vez o brasileiro a dar "dores de cabeça" ao Benfica.

Uma dos efeitos desta eliminação das provas da UEFA é que o Benfica pode agora concentrar-se nas provas internas, onde lidera a Liga com mais dois pontos que o V. Guimarães e mais três que o FC Porto. Ainda tem a Taça de Portugal e a Taça da Liga. Poderá aproveitar o desgaste dos seus rivais (Sporting já garantiu Liga Europa mas ainda pode passar aos oitavos-de-final da Champions, onde já está o FC Porto) para ganhar vantagem. Outra consequência é que pode obrigar a SAD "encarnada" a abrir mão dos melhores valores do plantel em janeiro, na reabertura do mercado, deixando a equipa ainda mais enfraquecida. Jesus nem quer ouvir falar em saídas. Salvio e Enzo Pérez são os alvos apetecíveis, assim como Talisca e Gaitán.

Em cinco temporadas ao leme do Benfica, apenas por uma vez Jesus conseguiu passar da fase de grupos. Muito pouco para uma equipa com os pergaminhos do Benfica. Outro dado preocupante: em cinco jogos na fase de grupos da Champions, o Benfica apenas marcou dois golos. Só APOEL fez pior (um golo), num grupo onde já sabia que seria o "bombo" da festa, com Ajax, Barcelona e PSG. Malmo e BATE Borisov marcaram também dois golos.

O derradeiro encontro, em casa, será para cumprir calendário, frente ao Bayer Leverkusen, equipa que precisa de vencer para garantir o primeiro lugar do grupo. Oportunidade para Jesus dar minutos aos menos utilizados na prova. Ou então jogar com os melhores para tentar sair da Champions com dignidade. E com um milhão de euros.