Depois de uma notável vitória por 3-1 no Dragão, o FC Porto chegava a Munique com o ego em alta, e de forma mais do que justificada. Afinal, já havia feito história, derrotando de forma convincente um dos grandes candidatos à conquista da Liga dos Campeões. Em terras alemãs, no entanto, o Dragão caiu com estrondo e tomou plena consciência do "fosso" que existe entre as duas equipas.

O resultado agregado (7-4) nem é assim tão estranho, tendo em conta a tal diferença no estatuto dos dois clubes, mas acabar goleado desta forma num único jogo não estava nos planos "azuis-e-brancos". O que levou, então, a um resultado tão pesado?

Fabiano: Foi uma noite desastrosa para o guarda-redes brasileiro, que podia e devia ter feito muito melhor em três golos do Bayern, pelo menos. No lance mais gritante pode queixar-se do desvio infeliz de Indi mas, mesmo tendo esse fator em conta, o guardião portista foi mal batido nesse e noutros lances. Não pode ser visto como o único culpado, já que nada saiu bem à equipa portista, mas a cotação de Fabiano será certamente afetada por esta noite inglória.

Lopetegui: As suspensões de Danilo e Alex Sandro dificultaram a vida ao treinador espanhol, que se viu obrigado a defrontar um poderoso Bayern (mesmo desfalcado) com opções de recurso. As escolhas para as laterais, Martins Indi e Diego Reyes, não foram ideais e o próprio treinador pareceu admiti-lo logo aos 33 minutos, quando lançou de forma precoce Ricardo Pereira para o lugar de Reyes. Mais do que isso, rendeu-se à supremacia do Bayern bem antes do apito final e, ao lançar Rúben Neves e Evandro para os lugares de Brahimi e Quaresma, pareceu ter abdicado da esperança num milagre, preferindo conquistar algum controlo da posse de bola e evitar uma humilhação maior.

Defesa portista: Quais baratas tontas. Assim esteve o quarteto defensivo do FC Porto, inicialmente composto por quatro centrais, durante o primeiro tempo. Sem rotinas de jogo, os quatro falharam nas marcações e permitiram que o Bayern atirasse à baliza com uma facilidade que fez lembrar o "Mineirazo" do Mundial2014. Todos ficaram com culpas no cartório: Maicon facilitou no primeiro golo, Marcano no segundo. Indi traiu Fabiano no golo de Müller e Reyes pareceu nem ter chegado a perceber qual era, de facto, a sua função neste jogo, antes de ser substituído.

Frieza alemã: Durante 45 minutos, tudo funcionou na perfeição para a equipa de Guardiola, com passes certeiros, triangulações perfeitas e cruzamentos teleguiados. O lance do terceiro golo, o primeiro de Lewandowski, é o exemplo de uma equipa em total sintonia. O treinador espanhol já havia deixado o aviso na antevisão da partida: a coragem não chegaria. Para recuperar da desvantagem de dois golos era necessário "controlar as emoções" e jogar bom futebol. Os jogadores do Bayern ouviram o técnico e cumpriram com distinção. No segundo tempo tiraram o pé do acelerador, simplesmente porque podiam fazê-lo.

Lewandowski: Foi mais uma noite de glória para o avançado polaco que, há duas épocas, arrasou o Real Madrid com um "hat-trick", quando ainda envergava a camisola do Dortmund. O instinto goleador valeu-lhe uma transferência para o rival mais abastado e ressurgiu esta terça-feira, depois de uma noite tímida no Dragão. Em Munique podia ter aberto o marcador logo aos 10 minutos, mas a bola foi ao ferro. Marcaria, no entanto, dois golos ainda no primeiro tempo, ambos com finalizações de grande qualidade.

Estatuto: O FC Porto trazia na "bagagem" uma vantagem brilhante de 3-1, e a pesada derrota não retira valor aos "azuis-e-brancos" por essa histórica vitória, mas seria sempre perigoso ousar achar que o FC Porto está no mesmo patamar que este Bayern. Mesmo depois dessa vitória por 3-1 e mesmo com um Bayern tão desfalcado como este estava, sem jogadores como Robben ou Ribéry. Olhando para as equipas que alinharam como titulares em Munique, e esquecendo, portanto, os nomes dos castigados Danilo e Alex Sandro, façamos um exercício: qual destes onze jogadores do Bayern não seria titular na equipa que Lopetegui lançou?