Desde 21 de abril que não se via um FC Porto tão apático na Liga dos Campeões. A diferença? Esse encontro jogou-se em Munique, diante do poderoso Bayern. O encontro deste dia 24 de novembro tinha, pelo contrário, tudo para dar certo. Bastava um ponto, o jogo era no Dragão e o adversário era de outro nível. E tudo deu errado.

A bem dizer, já em Kiev os 'dragões' haviam sido avisados por este Dínamo taticamente disciplinado, que conta ainda com individualidades com um nível técnico acima da média - Yarmolenko é o grande destaque e deixou a defesa portista atarantada. Mas na capital ucraniana Aboubakar ainda conseguiu salvar um ponto, com dois golos. Desta vez nada funcionou e o FC Porto não merecia melhor. A começar pela arriscada escolha de deixar André André, um dos jogadores em melhor forma no plantel portista, no banco de suplentes.

Tendo em conta as recentes críticas do clube 'azul-e-branco' a Fernando Santos, até se poderia pensar que a decisão se deveu ao menor fulgor físico do médio, mas os próprios treinador e jogador garantiram que foi uma decisão puramente técnica. O que parece claro, porém, é que sem André o meio-campo portista ficou despido de criatividade. Com Rúben Neves e Danilo como médios de contenção/destruição de jogo, restava Imbula como hipotético construtor das jogadas ofensivas, mas o francês, o tal dos 20 milhões, não soube pegar no jogo, falhou passes e ainda provocou o penálti que levou ao primeiro golo do Dínamo.

Os extremos, Tello e Brahimi, não conseguiram fazer melhor. O argelino ainda tentou transportar o jogo quando percebeu que o meio-campo não o conseguiria, mas o espanhol voltou a acusar aquilo que até já mereceu reparos de Lopetegui. "Não é só estar aberto na linha e fazer uma jogada. Tem de acrescentar algo à equipa", disse o técnico numa recente entrevista à agência EFE. Nesta noite de terça-feira, pouco acrescentou e falhou algumas das poucas ocasiões de que o FC Porto dispôs no ataque.

Com Aboubakar sempre muito sozinho, o FC Porto saiu do encontro em branco, mas mesmo assim até poderia ter selado a passagem aos oitavos-de-final, não fossem os golos sofridos. Não um mas dois, para complicar ainda mais as contas e praticamente obrigar a equipa portista a vencer em Stamford Bridge. E se já abordámos o primeiro golo, no segundo a figura de maior destaque - pela negativa, claro - acaba por ser Iker Casillas. O guarda-redes espanhol ficou muito mal na fotografia, como o próprio admitiu, com uma 'meia defesa' que promete ser vista pela Europa fora. Mas para se chegar ao guarda-redes é preciso passar por muitos jogadores de campo, e neste aspeto o FC Porto pareceu convidar o Dínamo a aumentar a vantagem.

As mexidas de Lopetegui ao intervalo no que toca à defesa conseguiram surpreender ainda mais do que as escolhas para o 'onze' inicial. Com a saída de Maxi Pereira - que, mais uma vez, não teve justificação a nível físico - o técnico promoveu uma revolução no setor defensivo. Layún passou para a direita, Martins Indi para a esquerda, o médio Danilo juntou-se a Marcano no eixo. A falta de rotinas ficou evidente na má abordagem ao lance protagonizado por Derlis González, que acabou por sentenciar a partida com a tal pequena 'ajuda' de Casillas.

E assim se fez a história de uma noite negra de um 'dragão' que, até aqui, exibia um percurso muito positivo na prova milionária. Os 'oitavos-de-final' estavam logo ali, e agora será necessária uma noite diametralmente oposta em Stamford Bridge, diante de um Chelsea que começa a demonstrar capacidade para inverter o arranque de temporada desastroso. Será a 9 de dezembro que o FC Porto de Lopetegui conhecerá o seu destino na Europa. Ou continua a somar milhões, como fez na última temporada até aos quartos-de-final, ou cai para a menos apelativa Liga Europa.