O guarda-redes internacional espanhol Iker Casillas, do FC Porto, admite que disputar a Liga dos Campeões em futebol pelos ‘dragões’ é diferente em relação ao seu passado no Real Madrid, sempre favorito.

“Por um lado, fico um pouco aliviado, pois quando somos favoritos temos mais responsabilidade e as derrotas são mais dolorosas. Temos de ser realistas: temos uma boa equipa e temos evoluído gradualmente com a ajuda dos nossos jogadores mais jovens”, disse o guardião portista em entrevista à UEFA.

Casillas, de 35 anos, vencedor de três Ligas dos Campeões com os ‘merengues’, tem noção que o favoritismo está do lado da Juventus, o adversário do FC Porto na quarta-feira na primeira mão dos oitavos de final da competição, no Estádio do Dragão.

“Vamos ter de defrontar um adversário que joga há muito tempo a um nível muito elevado, com presenças em quartos de final, meias-finais e numa final. No entanto, no mundo do futebol, tudo pode acontecer. Há seis ou sete meses estávamos a disputar o ‘play-off’ contra a Roma”, assinalou.

O campeão mundial e bicampeão europeu com a Espanha, que chegou ao Dragão em 2015, venceu o troféu em 2000, 2002 e 2014, e só na sua carreira tem mais eliminatórias disputadas na ‘Champions’ do que toda a equipa do FC Porto em conjunto.

“Disputar tantos jogos importantes numa competição tão prestigiada como a Liga dos Campeões deu-me uma experiência que pode ser útil e estou feliz por isso. Espero que os outros jogadores se sintam mais confiantes por causa disso”, disse.

O favoritismo da ‘Juve’ é bem patente nas palavras do guarda-redes espanhol, mas o mesmo considera que “por vezes a motivação, a ambição, o esforço e a coragem permitem superar o talento individual”.

Casillas falou também no orgulho que tem em ter vencido a prova em três ocasiões, mas não descarta a possibilidade de o conseguir uma quarta vez.

Em relação ao confronto com outro ‘histórico’ das balizas, como é o caso do internacional italiano Gianluigi Buffon, Casillas não poupa elogios ao guarda-redes da Juventus.

“Quando comecei tinha 14 anos e ele já estava com 18. Tive oportunidade de apreciar o seu estilo e personalidade. Enquanto crescia fui observando-o, evoluímos juntos e tivemos carreiras semelhantes”, considerou.

O guarda-redes espanhol entende mesmo que “o futebol italiano não volta a ter” um guarda-redes como Buffon.

“É considerado um dos melhores de todos os tempos, na Europa e em todo o Mundo. Temos uma rivalidade saudável e positiva, gostamos bastante um do outro e é sempre um prazer jogar contra ele. É um jogador conhecido e admirado em todo o Mundo e faz parte da história do nosso desporto”, justificou.

Na memória do guarda-redes está também a eliminatória entre Real Madrid e Juventus em 2002/2003, numa época em que os de Turim perderam na final com o AC Milan, mas em que venceram a equipa espanhola na meia-final (2-1 para o Real, e 3-1 para a ‘Juve’).

“Ambas as equipas tinham jogadores extraordinários: Trezeguet, Nedvěd, Zidane, Ronaldo e Figo. Ganhámos por 2-1 na primeira mão, mas merecíamos um resultado melhor e poderia ter terminado com 3-1 ou mesmo 4-1”, lembrou.

Casillas mencionou também a grande penalidade defendida pelo italiano a remate do português Luís Figo e lembrou que o Real Madrid se viu a perder por 3-0 e, embora ainda tenha reduzido para 3-1, não conseguiu concretizar as oportunidades que teve.