O presidente do Real Madrid considerou hoje que o clube vive sob pressão «24 horas por dia, sete dias por semana» e José Mourinho sofreu pressões que, por vezes, "ultrapassaram a normalidade".

Florentino Pérez disse hoje que o clube tinha chegado a acordo com José Mourinho para que o treinador abandone o Real Madrid no final da temporada, numa decisão que, admite, o deixou «triste».

Questionado pela agência Lusa sobre quais eram as origens das pressões sobre Mourinho, o presidente do clube disse, na conferência de imprensa, que, ao contrário de outros países, a pressão em torno de um jogo em Madrid «dura os sete dias da semana, as 24 horas do dia, o que não é normal».

«As pessoas não estão habituadas a isso. Também tive que me habituar a isso. Mas isso também é a grandeza desse clube. Aqui não se pode dormir nem um dia», afirmou.

«Mas não é o mesmo essa pressão razoável, que os insultos, os ataques impróprios de pessoas civilizadas. Todos têm famílias, filhos, vivem numa comunidade e essas coisas não se podem fazer», disse.

O presidente do Real Madrid disse que a saída de Mourinho, que tinha contrato válido até 2016, não envolve qualquer compensação económica e admitiu que «teria gostado que tivesse continuado» a ligação do treinador com o clube.

«Teria gostado que tivesse continuado. Mas o nível de pressão aumenta de tal maneira que as pessoas têm um limite. Mourinho é o treinador que mais tempo leva como treinador das 20 equipas da 1ª divisão (espanhola). Durar três anos não é fácil e menos numa instituição com tanta pressão como aqui», considerou.

Florentino Pérez disse que Mourinho considerou «que a nível pessoal era melhor deixar o clube», tendo apresentado razões que são «completamente adequadas».

O presidente do Real Madrid insistiu que «o madridismo está mais unido que nunca» e que, desde a época convulsa que o clube viveu há nove anos, «tem vindo a crescer».

Questionado sobre o trabalho de Mourinho, Florentino Pérez afirmou que o treinador português sempre se caracterizou por um nível de exigência e de competitividade muito elevados.

Apesar de se ter enganado «algumas vezes, como ele próprio reconheceu«, viveu sob pressão que, em alguns momentos, «não foi normal».

«Sabemos o que é o Real Madrid, sentimo-nos orgulhoso dessa pressão, de que aqui tem que se ganhar. Mas creio que em algumas vezes se passou os limites da normalidade», afirmou.

«É um dia triste. Quando tens que chegar a acordo com uma pessoa para que se vá. Cada um tem a sua personalidade, às vezes pode-se enganar. Mas, quando olho para o balanço, melhorou-nos qualitativamente no tema desportivo de tal forma, que é importante reconhecer», considerou.

Antes da chegada de Mourinho, disse, o clube «não era cabeça de série e era eliminado por qualquer um nos quartos», tendo dado «um grande salto».

«Faltou-nos um pouco mais. Nós acreditamos que (chegar as meias finais) não é suficiente. Pela exigência que herdamos dos nossos pais aqui no clube», afirmou.