Quando algo extraordinário repete-se com frequência passa a ser apenas normal? Ou essa nova normalidade é em si “de exceção”? A resposta a estas questões está em Cristiano Ronaldo e em mais uma noite de gala do internacional português, ao assinar quatro dos cinco golos do Real Madrid na goleada (5-1) sobre o Elche, em jogo da quinta jornada da Liga Espanhola.

O primeiro ‘poker’ da época em Espanha teve, por isso, cunho português, mas nem sequer é a primeira vez que tal acontece. Só na temporada 2010/11, Ronaldo fê-lo por duas vezes (contra Racing Santander e Sevilha). E com os três que já soma com a camisola merengue está a apenas um de igualar o mítico Alfredo di Stéfano. Se se baixar a fasquia para hat-tricks, Ronaldo já apontou 22 em Madrid (e 25 no total da carreira), bem como 48 ‘bis’ (82 no total). Já para não falar em golos ‘solitários’ marcados em 91 encontros pelos merengues.

A iniciar a sua sexta época em Espanha, o jogador português, de 29 anos, é já o décimo melhor marcador de sempre do campeonato espanhol, com 187 golos em 169 jogos, o que se traduz numa média de 1,1 golos por jogo. A noite de ontem serviu para ultrapassar outros goleadores notáveis, como David Villa (185) ou Santillana (186).

Na liderança deste registo continua o espanhol Telmo Zarra, que marcou 251 golos em 277 partidas, mas o seu primeiro lugar pode ser destronado em breve por Lionel Messi, que já contabiliza 246 tentos (281 desafios). A continuar a sua média goleadora, Ronaldo poderá atingir estas cifras no final da temporada 2015/16.

A excecional regularidade de Ronaldo mede-se ainda por um outro recorde: o craque português é o primeiro jogador de sempre do Real Madrid a marcar em 13 jogos consecutivos na Liga. Se tivermos em conta somente este início de época, são já nove golos em quatro partidas, uma vez que o avançado luso até falhou o encontro com a Real Sociedad por lesão. O segundo lugar na classificação dos goleadores pertence a um trio – Bueno (Rayo Vallecano), Bacca (Sevilha) e Bale (Real Madrid) -, mas que soma menos de metade da performance de Ronaldo, com “apenas” quatro golos.

E se dúvidas houvesse do peso de Ronaldo nos números do clube madridista, basta ver que sem os nove golos do astro português os merengues teriam apenas metade dos 18 marcados no campeonato espanhol. Não é de admirar que o treinador Carlo Ancelotti diga então que Ronaldo não precisa de descansar ou que o público no Santiago Bernabéu cante “Cristiano, Bola de Ouro”.

Assim, voltamos às questões iniciais. Como os números não mentem, as respostas são dadas pelos recordes de Cristiano Ronaldo. E, agora que os problemas físicos parecem ultrapassados, Ronaldo promete continuar a redefinir o conceito de “extraordinária normalidade”.