O presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD) disse hoje no Congresso espanhol que especialistas desaconselharam a suspensão do encontro de futebol Atlético de Madrid-Deportivo da Corunha, depois da morte de um adepto num confronto entre claques.

“Estivemos em contacto permanente com a Federação Espanhola de futebol e Liga. Trata-se de um espetáculo de massas, com adeptos já deslocados. A resposta dos especialistas policiais foi que desaconselhavam completamente que o encontro fosse suspenso”, contou Miguel Cardenal na sessão plenária, referindo-se ao jogo de 30 de novembro.

Em resposta às perguntas dos porta-vozes dos grupos parlamentos no Congresso, o presidente do CSD admitiu que o que aconteceu nas imediações do estádio Vicente Calderón foi “extraordinariamente grave”, mesmo estando o sistema de prevenção do futebol espanhol cotado como um “dos mais eficazes do mundo”.

“Sinto-me responsável pelo que passou, mas essa não é a realidade do nosso futebol. Este acontecimento não nos deve levar a desfigurar o que é a realidade da luta contra a violência no futebol espanhol. A última final da Liga dos Campeões, disputada por duas equipas de Madrid em Lisboa, foi um exemplo disso”, recordou.

As declarações de Cardenal no Congresso espanhol reportam à morte de um adepto do Deportivo da Corunha, a 30 de novembro, na sequência de violentos confrontos entre cerca de 200 “ultras” (adeptos tidos como mais violentos) que precederam o jogo entre o Atlético de Madrid e o clube galego, na capital espanhola.

O homem de 43 anos sofreu um traumatismo craniano e uma paragem cardiorrespiratória e acabou por morrer no mesmo dia. Mais de 20 pessoas foram detidas pela polícia, incluindo membros da claque Riazor Blues (Deportivo), do Frente Atlético (Atlético de Madrid), dos Bukaneros (Rayo Vallecano) e do Alkor Hooligans (Alcorcón), e 88 adeptos foram condenados a uma interdição no acesso a recintos desportivos durante cinco anos.