O treinador de futebol Manuel José disse que Sá Pinto devolveu a «raça» ao Sporting e que tem motivado uma equipa talentosa e com potencial para eliminar o Athletic Bilbau rumo à final da Liga Europa.
«Que o Sporting tenha sorte e engenho. A sorte conquista-se. É o momento em que o talento se encontra com a oportunidade. Aí surge a sorte. Se temos talento para agarrar a oportunidade, a sorte surge. Se não temos, a sorte vai-se embora», disse o técnico do Al-Ahly, do Egito.
Manuel José, que enquanto treinador do Sporting afastou o Athletic Bilbao nos oitavos de final da Taça UEFA, em 1985/86, admite que a tarefa dos "leões" vai ser complicada, frente a um opositor que «se vai bater até à exaustão, `matar-se' dentro de campo para chegar à final da Liga Europa».
«Não vai ser fácil, é uma meia-final. Não se pode contar com facilidades, mas acreditar até ao fim que é possível. Manter os níveis de confiança sempre elevadíssimos e uma boa organização, além de boa condição psíquica e anímica, serão fundamentais para que a equipa consiga os seus objetivos», vincou.
O experiente técnico reconhece o pouco tempo de Sá Pinto enquanto treinador, mas destaca a sua «grande experiência como futebolista ao mais alto nível».
«Devolveu a raça ao Sporting. Sabe o que dizer aos jogadores. Nesta altura, o que interessa é pensar que a eliminatória se vai decidir em dois jogos. Acima de tudo, devem estar concentrados e acreditar até ao fim que são capazes de chegar à final», sublinhou.
O técnico do Al-Ahly reconheceu que o Sporting tem «jogadores jovens e com pouca experiência internacional», mas «à maior parte» reconhece «qualidade, talento e potencial».
Para Manuel José, a mensagem a passar ao balneário é a de que «cada jogo tem de se jogar não a 100, mas a 150 por cento».
O antigo timoneiro "leonino" recordou a «cultura especial» do Athletic Bilbau, que o Sporting afastou em 1985/86, depois de perder 2-1 em Espanha, jogo em que terminou com 10, por expulsão de Jordão. O Sporting deu a volta duas semanas mais tarde com um concludente 3-0 em Alvalade, naquele que classificou «um dos melhores jogos» em que dirigiu os "leões".
«Há em Bilbau um sentimento clubístico invulgar para os tempos que correm. Uma relação fortíssima entre os adeptos e toda uma região autónoma, com um dialeto próprio. É mais do que um clube», vincou.
Manuel José elogia a cultura do Athletic: «Não tem jogadores estrangeiros, apenas bascos. Que fazem normalmente todas as suas carreiras no mesmo clube. Nos tempos que correm, qualquer jogador sai imediatamente para um `grande' do mesmo país ou estrangeiro. O Bilbau tem, por isso, uma filosofia muito especial».
O treinador algarvio diz já ter visto este ano «o melhor e pior do Bilbau», uma equipa que, defende, está ao alcance do «melhor Sporting».
Manuel José recorda, no entanto, que o adversário «é uma equipa de ataque e que gosta de controlar a posse de bola no campo do adversário», encontrando várias «semelhanças com o Barcelona».
Analisando os objetivos de ambos, entende que o apuramento para a final «salvará a época de qualquer dos clubes».