A 31 de maio de 1961 a equipa do SL Benfica jogava pela primeira vez na sua história uma final europeia em Berna, na Suíça. A equipa comandada pelo húngaro Béla Guttmann ia defrontar o poderoso Barcelona, equipa que afastara o Real Madrid, crónico campeão europeu na altura com cinco títulos consecutivos.

«O Benfica era um pobre desconhecido na altura. Numa final toda a gente espera que vença o favorito, e o favorito era o Barcelona. Eles tinham o Kocsis, o Czibor, o Evaristo, tinham jogadores internacionais espanhóis como o Ramallets. Era de facto uma equipa extraordinária, aliás tinham suplantado o Real Madrid e claro que o favoritismo era dado ao Barcelona. Mas era essa favoritismo dado ao Barcelona que criava em nós uma cumplicidade de esforços dentro de campo, onde a nossa criatividade não era inferior à da equipa espanhola e isso fazia com que houvesse uma cumplicidade na união de esforços», começa por recordar José Augusto sobre o ambiente em torno do jogo de Berna.

«Nós considerávamos o Barcelona o favorito, mas no fundo a nossa sensibilidade tocava-nos uma motivação de revolta para poder contrariar essa afirmação», acrescentou o antigo jogador do Benfica em exclusivo ao SAPO Desporto.

Na próxima quarta-feira, a equipa encarnada defronta em Amesterdão o atual campeão europeu em título na final da Liga Europa. O Benfica esteve mais de duas décadas afastado de finais europeias e na capital holandesa procura inverter o favoritismo dos "milionários" ingleses. Para José Augusto, a célebre maldição húngara lançada por Béla Guttmann, e preconizava que o Benfica não voltaria a vencer a Taça dos Campeões Europeus nos próximos 30 anos, poderá ser quebrada frente ao Chelsea.

«Numa final tudo pode acontecer, como aconteceu connosco a superar o Barcelona. A equipa pode estar muito bem identificada, a equipa pode ter uma segurança posicional em campo com muito mérito, mas de um momento para o outro isto é uma caixinha de surpresas há um pontapé de um adversário a trinta metros que ninguém espera e tudo pode mudar com uma inspiração momentânea que dê em golo, que como se sabe é o sal e a pimenta do futebol», começar por referir José Augusto.

«O Benfica vai jogar contra o Chelsea e não é que o Chelsea seja superior ao Benfica. O Chelsea não é muito superior ao Benfica. O Benfica tem uma equipa de excelentes jogadores que pode chegar lá e também e num momento inesperado fazer um golo. Mas que são duas equipas de idêntico valor não tenho dúvidas nenhumas. Temos hipóteses de ganhar o jogo. O Benfica não é considerado o favorito e isso pode fazer com que os favoritos se invertam», sentenciou o antigo jogador o Benfica.