Desde a dupla conquista da Taça dos Campeões Europeus, na década de sessenta, que a história do Benfica em finais europeias tem sido assombrada pela maldição húngara de Béla Guttmann. Após a conquista da Taça dos Campeões em 1962, frente ao Real Madrid de Di Stéfano, o Benfica entrava para a elite do futebol europeu, mas via partir Béla Guttmann, um dos treinadores mais emblemáticos e marcantes da sua história. E na hora da despedida, Béla Guttmann proferiu as enigmáticas palavras que viriam a dar origem à mítica "maldição" de que o Benfica, sem o técnico húngaro, não voltaria a vencer uma competição europeia nos próximos trinta anos. E como a história vive de pequenos “pormaiores”, a premonição manteve-se, e ganharia um novo capítulo em 1988, na sétima final da Taça dos Campeões Europeus do Benfica com o PSV Eindhoven.

Com uma equipa constituída por jogadores da estirpe de Mozer, Magnusson, Shéu ou Rui Águas, o Benfica chegava à sua sétima final europeia em 1988, com Toni ao leme, um ano depois da consagração europeia do FC Porto de Artur Jorge em Viena. No arranque da prova, os encarnados eliminariam os albaneses do Partizani Tirana encontrando na eliminatória seguinte os dinamarqueses do AGF Aarhus, que viriam a ser eliminados com um golo de Nunes no triunfo no Estádio da Luz por 1-0.

Nos quartos-de-final, o Benfica reencontraria os belgas do Anderlecht e acabaria por se vingar da derrota na final da Taça UEFA de 1983 com um triunfo por 2-0 na primeira mão na Luz e uma derrota por 1-0 na Bélgica. Com apenas dois jogos a separar a formação de Toni da final de Estugarda, os romenos do Steua de Bucareste seriam os adversários do Benfica na meia-final da Taça dos Campeões Europeus da época 1987/1988. No jogo da primeira mão, o Benfica não iria além de um empate a 0-0, em Bucareste, com a decisão a ser levada para o jogo da segunda mão no Estádio da Luz. E a 20 de abril de 1988, o Benfica recebia em casa os romenos do Steua de Bucareste para mais um capítulo de glória na história do clube encarnado. Com o “terceiro anel” a empurrar a equipa, Rui Águas acabaria por ser o herói dos encarnados ao apontar dois golos para o regresso a uma final europeia.

Na final de Estugarda, o Benfica ia defrontar os holandeses do  PSV Eindhoven, uma equipa que havia chegado ao jogo decisivo depois de eliminar formações como Galatasaray, Rapid Viena, Bordéus e Real Madrid. Apesar de ter uma equipa recheada de talento como o guarda-redes Hans van Breukelen, o defesa Ronald Koeman, os médios Sören Lerby e Gerald Vanenburg, ou o avançado Wim Kieft, o PSV Eindhoven chegava à final da competição sem a confiança dos seus adeptos pois contabilizava apenas três triunfos e seis empates para chegar a Estugarda. De facto, a equipa sobre a qual recaíam todas as expectativas nessa edição da Taça dos Campeões Europeus era o Real Madrid, clube que eliminara emblemas como o Nápoles, FC Porto e Bayern Munique. Mas um empate a 1-1 no Santiago Bernabéu viria a permitir aos holandeses uma época histórica com a conquista do campeonato, Taça da Holanda e Taça dos Campeões Europeus. E na final de Estugarda, PSV e Benfica não foram além do nulo no marcador no tempo regulamentar levando a decisão para a marcação de grandes penalidades, onde Van Breukelen seria herói e Veloso vilão ao permitir a defesa do guarda-redes holandês. Mais uma vez, e passados 26 anos, a “maldição húngara” trouxe à memória dos adeptos do Benfica o treinador Béla Guttmann  que profetizara uma “seca” de trinta anos na Europa do emblema da Luz.