O pesadelo russo voltou a assolar o Sporting e Alvalade mais cedo do que se esperava. Menos de um mês depois da eliminação dos “leões” da fase de grupos da Liga dos Campeões aos pés do CSKA, eis que no primeiro encontro na Liga Europa, o Sporting voltou a levar uma lição de bola de um clube originário do país que popularizou o caviar.

O clube português parece cada vez mais alérgico ao frio russo e temoroso à tradição que teima em perdurar uma malapata que parece longe do seu fim.

Sporting carrilha ou descarrilha sem Carrillo?


Depois de confirmada a ausência do peruano dos convocados, Jorge Jesus sabia que não podia contar com o extremo mais portentoso do plantel, o único, até ver, capaz de fazer a diferença numa plantel a quem faltam jogadores capazes de esticar o jogo. Perante a inoperância da equipa veremos se Jorge Jesus não irá ter que resgatar o ala para a equipa voltar novamente aos eixos, ou como se diz, encarrilhar.

Como jogaram os “leões”


Como tem sido pródigo em Jorge Jesus, sobretudo no Benfica, onde passou seis anos, o técnico é dado a experimentações nas competições europeias. Desta feita, deixou cinco titulares de fora, apostando em Tobias Figueiredo, Gelson Martins, Carlos Mané, Téo, Montero e João Pereira. O Sporting apresentou-se numa espécie de 4-5-1, deixando Montero solto na frente. Mas foi a partir de trás que a equipa se começou a desmoronar. Tobias e João Pereira fizeram exibição pouco abonatória. Aliás toda a defensiva do Sporting nunca se deu bem com a velocidade de Samedov e Niasse, autores dos golos moscovitas.

Com uma defesa pouco eficiente, o meio campo leonino também esteve longe dos seus dias. Sem poder contar com a dinâmica ofensiva de João Mário, foi Adrien o único que tentou levar a água ao seu moinho, ou traduzindo para futebol, a sua equipa para a frente. O italiano Aquilani apesar de apresentar bons pormenores técnicos, ainda não parece ter a intensidade desejada para compromissos de alto nível.

Na componente atacante, os incansáveis Mané e Gelson, tentaram sem sucesso fazer a diferença nas alas, mas os cruzamentos saíam sempre frouxos e fáceis para o guardião Guilherme. Montero apareceu a espaços, valeu-se do grande golo marcado a abrir a segunda parte, num míssil já dentro da área. Téo teve uma performance a rondar o nível zero. Desaparecido, invisível, ninguém em Alvalade deu por ele.

A equipa como conjunto nunca conseguiu oferecer profundidade ao seu jogo. Teve muita posse de bola, mas jogadas de perigo nem vê-las. Ao contrário dos russos, que apostaram no contra golpe e facilmente colocavam a bola nos avançados com dois ou três toques.

Como jogaram os russos


O conjunto moscovita soube sempre como arrefecer as expetativas leoninas. Foi assim quando gelou a Alvalade ao inaugurar o marcador (Samedov). E foi assim no segundo golo (bis de Samedov), depois de Montero ter empatado o jogo, minutos antes. E foi também assim, quando matou o jogo ao marcar o terceiro por intermédio de Niasse. O avançado senegalês foi mesmo o melhor homem em campo. Niasse esteve em todos os lances de perigo protagonizados pela equipa russa. O atacante foi a “Lokomotiva” que levou a equipa ao caminho da vitória. No terceiro golo, revelou pormenores de classe fruto de uma técnica muito acima da média.

O português Manuel Fernandes, que fez o primeiro jogo esta época com a camisola do Lokomotiv também esteve em bom plano. Foi dele um passe que isolou Niasse para o quarto golo, que só não aconteceu devido à intervenção de Rui Patrício, o menos culpado de uma noite de horror para o conjunto de Alvalade.