O Nimes será despromovido no final da época à terceira divisão, face à alegada tentativa de viciação de resultados em jogos da segunda divisão gaulesa no final da época passada, anunciou hoje a Liga Francesa de Futebol Profissional (LFP).

Os dirigentes do clube suspeitos de implicação no caso, Serge Kasparian (principal acionista) e Jean-Marc Conrad (então presidente), foram também sancionados a título individual com interdição exercerem funções oficiais (dez anos para Kasparian, sete para Conrad).

Nenhuma sanção foi decretada contra Jean-François Fortin, presidente do Caen, já proibido de exercer funções oficiais.

Na reunião de dois dias da comissão de disciplina da LPF, na segunda-feira e hoje, foram realizadas dezenas de audições.

De acordo com o presidente da LPF, Sébastien Deneux, quatro partidas fora objeto de tentativa de corrupção: Bastia-Nimes, Dijon-Nimes, Caen-Nimes e Créteil-Nimes.

“Nenhum destes jogos pode ser considerado como tendo sido viciado”, afirmou Deneux, acrescentando que as sanções têm por objeto a tentativa de combinar os resultados.

No centro do caso está o jogo ocorrido a 13 de maio da época passada, que terminou com o empate 1-1 entre o Nimes e o Caen. Com este resultado, a equipa do Nimes permaneceu na segunda liga francesa, enquanto o Caen foi promovido ao primeiro escalão do futebol francês.

De acordo com uma fonte policial, existem escutas telefónicas envolvendo os presidentes dos dois clubes, numa conversa ocorrida antes do jogo, após o qual o presidente do Nimes teria deixado no balneário do Caen 24 caixas de 12 garrafas de vinho.

O presidente do Nimes foi uma das seis pessoas detidas por suspeita de manipulação de resultados, ao qual se juntam também Serge Kasparian (um dos principais acionistas do Nimes), Jean-François Fortin (presidente do Caen), Franck Toutoundjian (presidente da equipa amadora do AS Ararat Issy-les-Moulineaux), Kaddour Mokkedel (chefe de segurança do Caen), bem como o empresário Michel Moulin.

Todos os seis homens foram libertados sob fiança e estão impossibilitados de estabelecer contacto entre eles.

Um relatório encomendado pela LPF, conhecido no início de março deste ano, conclui pela existência de combinação de resultados em em jogos da segunda divisão gaulesa no final da época passada.

Em concreto, o estudo considera que Caen e Nime concordaram empatar um jogo, que servia aos primeiros para subir à Liga principal e aos segundos para não descerem de divisão.

Os investigadores contratados pela LFP analisaram as imagens do jogo disputado a 13 de maio de 2014, concluindo que mostram uma “carência significativamente voluntária do nível de jogo” por ambas as equipas, o que pressupõe um “acordo prévio”.

De acordo com o relatório elaborado por estes especialistas, que trabalharam paralelamente aos juízes que investigam o processo de “corrupção ativa ou passiva” aberto por este caso, realçam que o Caen, depois de marcar o golo inaugural, permitiu o empate antes do intervalo e que as duas equipas se empenharam em “preservar a igualdade” até final.

Além da análise pericial, os investigadores recorreram às escutas feitas ao presidente do Caen, Jean-François Fortin, e ao do Nimes, Jean-Marc Conrad, num telefonema ocorrido minutos antes do encontro, em que o segundo repete, insistentemente, que o empate serve às duas equipas, falando num “presente”.

Os investigadores, que confirmaram a oferta do Nimes ao Caen de lotes de garrafas de vinho, concluíram que houve “um entendimento antes do início do jogo”.