O treinador Alex Ferguson pediu aos adeptos do Manchester United para apoiarem a campanha do Liverpool para que seja feita justiça relativamente à tragédia de Hillsborough, quando as duas equipas se defrontarem no domingo, na Liga inglesa de futebol.
O Painel Independente Hillsborough revelou na semana passada, após revisão de arquivos inéditos, que o relatório do pior desastre desportivo britânico, ocorrido em 1989, tinha sido significativamente alterado para ilibar a polícia.
Apesar das revelações, os adeptos dos “red devils” responderam à divulgação do relatório com comentários jocosos durante o encontro com o Wigan, no sábado passado, relembrando a grande rivalidade entre as duas equipas.
No entanto, responsáveis dos dois clubes ingleses encontraram-se esta semana para estabelecer tributos às 96 pessoas que perderam a vida em Hillsborough.
«O nosso grande clube apoia os nossos grandes vizinhos de Liverpool hoje para lembrar a perda e prestar tributo à sua campanha pela justiça. Sei que posso contar convosco na melhor tradição dos melhores fãs no futebol», escreveu Ferguson numa carta que vai ser apresentada aos fãs em Anfield, no domingo.
O treinador do Manchester United pediu o fim das hostilidades, destacando que a rivalidade com o Liverpool é baseada na determinação de estar sempre no topo.
«Há apenas dez dias, tomámos conhecimento de terrível verdade sobre a morte de 96 adeptos que foram ver a sua equipa tentar atingir a final da Taça de Inglaterra e nunca regressaram. O que lhes aconteceu devia despertar a consciência de todos os envolvidos no jogo», concluiu.
Em Anfield, um mosaico será exibido pelos presentes antes do apito inicial, enquanto 96 balões serão lançados pelos capitães Steven Gerrard e Nemanja Vidic, na presença de Kenny Dalglish, que orientava a equipa aquando da tragédia.
O desastre foi causado por sobrelotação do estádio na meia-final da Taça de Inglaterra entre o Liverpool e o Nottingham Forest: para aliviar a sobrelotação, a polícia abriu uma porta de saída, permitindo aos adeptos dos “reds” inundar as zonas centrais, mas estes acabaram cercados por outros e esmagados até à morte contra as grades.
O painel concluiu que a polícia tentou várias vezes encobrir evidências das suas próprias falhas, com o propósito de culpabilizar os próprios adeptos dos “reds”.
A polícia «alterou significativamente» 164 depoimentos, incluindo a remoção de 116 comentários negativos à sua ação.
O serviço de assistência médica também falhou, uma vez que teria sido possível reanimar algumas das vítimas, se tivessem recebido tratamento mais cedo.