A polícia será a única autoridade pública com capacidade para suspender um jogo de futebol em Itália caso se registem episódios de «racismo, intolerância ou antissemitismo», anunciou hoje o Ministério do Interior italiano.
A decisão do Ministério do Interior, tomada através do Observatório Nacional das Manifestações Desportivas, surge na sequência dos incidentes ocorridos a 03 de janeiro num particular entre o AC Milan e o regional Pro Pátria Aurora, que levou os jogadores milaneses a abandonarem o relvado.
Da reunião, na qual estiveram presentes responsáveis pela Federação italiana de futebol, saiu um documento com várias medidas para combater o racismo no futebol italiano.
Segundo indica o texto, «na presença de sinais de racismo, intolerância ou antissemitismo» num jogo, o árbitro deverá requerer ao quarto árbitro a intervenção da polícia, que ficará encarregue de decidir se suspende ou não o encontro.
O passo seguinte será identificar os adeptos responsáveis por cânticos ou gritos racistas, com o objetivo de proibir, com base na medida conhecida como “Daspo”, a sua entrada em qualquer evento desportivo.
Na passada quinta-feira, os jogadores do AC Milan abandonaram a partida, depois de terem sido alvo de insultos racistas por parte de elementos das claques locais.
O encontro, que se disputava na localidade de Busto Arsizio, província de Varese (Lombardia), foi suspenso aos 26 minutos da primeira parte, depois do treinador do Milan, Massimiliano Allegri, ter ordenado aos seus companheiros que abandonassem o relvado, na sequência de insultos racistas dirigidos ao avançado ganês nascido na Alemanha Kevin-Prince Boateng.
Após o incidente, Silvio Berlusconi, proprietário do Milan e ex-chefe do governo italiano, garantiu que a sua equipa voltará a abandonar as quatro linhas no caso de se produzirem episódios semelhantes.
Na terça-feira, o Pro Pátria Aurora, clube do quarto escalão do futebol italiano, foi condenado a disputar uma partida à porta fechada.