O Governo de Moçambique considerou hoje que recentes declarações do técnico português Diamantino Miranda, treinador do Costa do Sol, são um «assunto de Estado, que ferem a dignidade dos moçambicanos».

No final de um jogo entre o Vilankulos FC e o Costado do Sol, do campeonato moçambicano de futebol, há duas semanas, o treinador do Costa do Sol teve uma discussão com um jornalista que cobria a partida, em que contestava as decisões do árbitro do encontro, acabando por dizer: «todos aqui são ladrões».

«Todos aqui são ladrões. Vocês são todos uma cambada de ladrões, você e outros jornalistas são pagos por um prato de sopa. Este país não é sério», disse Diamantino Miranda, segundo uma gravação de um canal de rádio que fazia uma reportagem da partida.

Após o incidente, o técnico foi preventivamente suspenso do cargo pela Liga Moçambicana de Futebol (LMF), enquanto aguarda o resultado de um inquérito aberto pela entidade que rege a principal competição do futebol moçambicano.

Em conferência de imprensa convocada para dar a conhecer a sua posição sobre a polémica, o Ministério da Juventude e Desportos de Moçambique considerou que os pronunciamentos do técnico são um «assunto de Estado, que ferem a dignidade dos moçambicanos», merecendo «medidas exemplares».

«A dignidade, autoestima e a imagem de Moçambique e dos moçambicanos ficaram abaladas com as palavras de Diamantino Miranda, por isso é que este é, desde já, um assunto de Estado e não meramente desportivo», disse José Dimitri, Inspetor Nacional dos Desportos e porta-voz do Ministério da Juventude e Desportos.

Para impor «medidas exemplares» ao treinador, assinalou José Dimitri, os ministérios da Juventude e Desportos, do Trabalho e do Interior, bem como a LMF estão a trabalhar em conjunto.

«O treinador extravasou o foro desportivo. A LMF vai fazer o seu trabalho e nós, com base nas disposições laborais e de migração, estamos a fazer o nosso. Tomaremos medidas exemplares para que sejam lição para os outros», ressalvou José Dimitri.

Este ano, Diamantino Miranda, que cumpre a sua segunda época à frente do Costa do Sol, foi temporariamente impedido de trabalhar pelo Ministério do Trabalho, devido a alegadas irregularidades no seu visto de trabalho, mas depois autorizado a voltar à atividade, à espera do desfecho final do caso.

Tanto Diamantino Miranda como o Costa do Sol ainda não se pronunciaram sobre a polémica, aguardando o curso do inquérito aberto pelas instâncias competentes.