O Movimento Passe Livre (MPL), que organizou as manifestações das últimas semanas em São Paulo, informou que o protesto agendado para a tarde de hoje mantém-se, mesmo após a revogação do aumento das passagens.

«Será para comemorar, mas vamos lembrar também as pessoas que estão sofrendo processo judicial por terem sido presas durante a manifestação, a criminalização dos movimentos sociais», disse à Lusa a estudante Mayara Vivan, 23 anos, integrante do MPL.

Vivian disse também que esta quarta-feira não houve nenhum ato oficial do Movimento Passe Livre. Entretanto, centenas de pessoas ocupavam parte da avenida Paulista, no centro da cidade, de uma autoestrada e de três avenidas em bairros nas zonas sul, norte e leste da cidade.

A autoridade de trânsito da cidade não informou o motivo das manifestações, mas participantes afirmaram através redes sociais na internet que estão a comemorar a redução das tarifas do transporte.

O MPL afirmou que irá informar durante esta quinta-feira se suspenderá os protestos após o próximo ato. «Comemoramos o avanço, mas há muito mais para ser feito», disse Vivian.

O movimento, criado em 2005, iniciou os protestos contra o aumento das passagens de autocarros, comboios e do metro há três semanas, mas os atos estenderam-se a outras cidades do Brasil, com uma pauta mais extensa de reivindicações.

As autoridades de Rio de Janeiro e São Paulo cederam na quarta-feira e anunciaram a revogação do aumento, dois dias após uma manifestação que reuniu 200 mil pessoas nas duas cidades.

Os protestos começaram no início de junho em São Paulo, exclusivamente contra a subida das tarifas dos transportes públicos, mas estenderam-se a outras cidades no Brasil e de outros países.

A repressão policial às manifestações motivou outras pessoas a protestarem pela paz e pelo direito de manifestação, bem como outras queixas, entre quais corrupção e a falta de transparência.

Em particular, as manifestações criticam os elevados gastos com a organização de eventos desportivos como o Mundial2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, em detrimento de outras áreas como a saúde e na educação.