Em 1950, o Uruguai tirou ao Brasil o sonho de se sagrar campeão do Mundo de futebol pela primeira vez. Nascia assim o ‘Maracanazo’. No entanto, o ‘carrasco’ voltou ao local do crime 43 anos depois para devolver aos brasileiros a capacidade de sonhar.

A 19 de setembro de 1993, o Mundial dos Estados Unidos era quase uma miragem para a ‘canarinha’. Carlos Alberto Parreira enfrentava os protestos da ‘torcida’, que temia falhar pela primeira vez um Campeonato do Mundo. Afinal, esse era um recorde que o Brasil mantém orgulhosamente até hoje.

Uma derrota com o Uruguai significaria o adeus. E o Maracanã voltava a estar lotado, com mais de cem mil pessoas nas bancadas. Eram cem mil pessoas que nas últimas semanas tinham passado a gritar pelo nome de Romário.

Ausente de quase toda a fase de qualificação para o Mundial 1994, o ‘Baixinho’, como ficou celebrizado, foi finalmente chamado pelo selecionador brasileiro. No momento de aflição do ‘escrete’, foi o avançado a assumir o papel de salvador.

Ao voltar a um estádio onde já tinha brilhado várias vezes, Romário não perdeu a oportunidade. Foi o regresso memorável do ‘Baixinho, que correu, fintou e marcou como nunca. Graças a ele, e ao desejo de vingança do Maracanã, o Brasil venceria por 2-0. Os golos aos 25 e 35 minutos foram a expressão máxima do seu talento, um talento inversamente proporcional à sua altura.

Para muitos, o caminho para a conquista do ‘tetra’ começou neste dia. O jogo do Maracanã foi o primeiro passo de uma longa caminhada que só acabou quase um ano depois, nos EUA, na final com a Itália. Uma convicção partilhada pelo próprio Romário, que continuou a ser decisivo por mais alguns anos.

«Do primeiro ao último minuto, foi o maior jogo que fiz pela Seleção. Foi o que mais me marcou. Na verdade, o melhor foi a final da Copa do Mundo. Por mais que tenha sido penálti, foi o mais importante de todos. Mas esse aí foi o mais marcante», confessou o antigo craque brasileiro, anos mais tarde.

Naquele 19 de setembro de 1993 não houve ‘Maracanazo’. Houve apenas a genuína festa do Maracanã. Nesse dia, o Uruguai deixou o Brasil ser feliz.