A França tem "destruído" o "sonho" de Portugal de conquistar uma grande competição internacional de futebol.
Tirando a final do Euro2004, perdida pelos lusos em casa frente a Grécia, Portugal tem visto a França intrometer-se no seu caminho sempre que realiza grandes fases finais de Europeus ou Mundiais: foi assim no Euro´86 em França, no Euro´2000 na Bélgica e Holanda e ainda no Mundial2006 na Alemanha. Três derrotas em três meias-finais, em três jogos muito renhidos, bem disputados, decididos sempre no pormenor, sempre para a França.

Daí o desejo de Portugal e França de não quererem jogar um contra o outro nos play-off de apuramento ao Mundial2014. Tanto os jogadores portugueses, como Cristiano Ronaldo, Varela e Nani, e os franceses, onde se inclui o próprio selecionador, Didier Deschamps, manifestaram a sua vontade em não haver um duelo entre lusos e gauleses.

Ribéry e não só…

Se Portugal tem Cristiano Ronaldo, a França tem em Ribéry a sua estrela maior, numa seleção que mistura juventude e experiência. Na baliza Hugo Lloris, do Totteham, é titular indiscutível mas depois, na defesa, Didier Deschamps tem feito várias experiências, não tendo um quarteto definido. Patrice Evra e Laurent Koscielny foram os que mais jogos fizeram na fase de grupos (seis e cinco respetivamente, em oito encontros), num setor que tem contado com o "portista" Mangala.

No meio-campo, Moussa Sissoko do Newcastle, Ribéry do Bayern Munique, Valbuena do Marselha e Blaise Matuidi do PSG foram os mais utilizados por Deschamps, numa zona onde se destacou o jovem Paul Pogba da Juventus. Na frente, Benzema e Giroud disputaram sete dos oito encontros da fase de grupos, não dando hipóteses à concorrência.

Apesar de ser médio, a preponderância de Ribéry viu-se nos momentos decisivos, com o jogador do Bayern de Munique a ser o melhor marcador da equipa na fase de grupos, com cinco tentos, seguido por Giroud com dois. Benzema andou de costas voltadas com o golo mas nem por isso Deschamps prescindiu do avançado do Real Madrid.

Portugal nunca ganhou à França em jogos oficiais

Quando Cristiano Ronaldo afirmou que não queria a França no play-off, referiu-se a motivos desportivos e políticos para justificar a sua preferência. Se por política se referia ao facto de o francês Michel Platini ser o presidente da UEFA, em termos futebolísticos o "medo" da França justifica-se com o facto de os gauleses serem o "carrasco" de Portugal antes dos jogos decisivos em fases finais de Mundiais e Europeus: três jogos, três eliminações.

Dos 22 encontros já disputados, apenas por três vezes estas duas formações se defrontaram em jogos oficiais, contra 19 amigáveis. E quer em jogos oficiais quer em particulares, o domínio francês é arrasador: 16 vitórias contra cinco derrotas frente aos lusos, sendo que empataram apenas um encontro. A última vitória de Portugal, por sinal num jogo amigável, aconteceu há 38 anos, num triunfo por 2-0, com golos de Marinho e Nené, numa seleção orientada por José Maria Pedroto.

De lá para cá, foram oito derrotas seguidas, sendo que a mais amarga foi a sofrida nas meias-finais do Euro2000, no "fatídico" penálti de Abel Xavier no prolongamento e que Zidane não desperdiçou frente a Vítor Baía, numa altura em que ainda vigorava o golo de ouro.

E dessas oito derrotas, três foram em jogos oficiais, todas em jogos que antecediam as finais. Mas antes da meia-final do Euro2000, a França já tinha afastado Portugal de mais uma semifinal de um Europeu, disputado em solo francês, em 1984, e também no prolongamento, com golo no último minuto marcado pelo atual líder do futebol europeu, Michel Platini. Jordão estava a ser herói, com dois golos, mas Domergue (também dois golos) e Platini destruíram o sonho luso. A outra derrota às mãos dos gauleses foi no Mundial2006, com Zidane, de penálti, a fazer o único tento do encontro que tirou Portugal da final do Mundial organizado pela Alemanha.

Caso o sorteio coloque Ribéry frente a Cristiano Ronaldo, então é hora de Portugal inverter a estatística e mudar a história dos confrontos com a França.