A rubrica "Um Oceano de Histórias" dá-lhe a conhecer, no seu capítulo número 20, a evolução dos Mundiais, desde a primeira edição, em 1930, até à sua vigésima que ocorrerá no Brasil em 2014.

O Campeonato do Mundo de futebol é como um organismo vivo que cresce, alimenta-se e evolui de forma constante ao longo da sua existência. A prova desta teoria está nos modelos competitivos que apresentou desde o seu arranque em 1930, na competição organizada pelo Uruguai.

Na primeira edição estiveram presentes 13 seleções, um mínimo apenas igualado em 1950, na ressaca da II Guerra Mundial e de um interregno de doze anos. Para a sua estreia, a FIFA apostou em 4 grupos, com o primeiro a ter quatro equipas e os restantes apenas três. Após os jogos entre si, os quatro vencedores das respetivas ‘poules’ seguiam para as meias-finais, onde decidiriam o acesso à final.

Tudo mudou na edição seguinte de 1934, onde a anfitriã Itália saiu vencedora. Desta feita, citando Luiz Felipe Scolari, a competição desenrolou-se num ambiente de “mata-mata” do início ao fim entre as 16 seleções participantes. A Squadra Azzurra, que já tinha lutado também pelo apuramento, ultrapassou tudo e todos nas eliminatórias para chegar ao título.

A prova de 1938, em França, ficou já marcada pela tensão pré-Guerra Mundial. Das 16 nações previstas, apenas 15 competiram, face à anexação da Áustria pela Alemanha, que obrigou os austríacos a cederem os seus jogadores aos germânicos. Porém, nem assim a seleção alemã venceu, com a Itália a revalidar o triunfo novamente em esquema de “mata-mata”.

O ano de 1950 marcou o regresso do Mundial após 12 anos de ausência. Os custos da guerra ditaram a presença de apenas 13 equipas, que competiram pelo título num modelo único até hoje. Depois de uma fase inicial com quatro grupos, cada vencedor era reunido num novo grupo, lutando entre si pela vitória sem haver lugar a uma final propriamente dita. Foi o ano do “Maracanazo” uruguaio no Brasil.

A maturidade com 16 nações

Quatro anos mais tarde, na Suíça, o Campeonato do Mundo entrou numa fase de maturidade competitiva e estabilizou o seu modelo em quatro grupos. Daqui saiam duas equipas, que trilhavam quartos de final, meias-finais e final, até o tão desejado título. Esta maior organização acabou por ficar associada ao primeiro título da seleção que ainda hoje é um modelo de organização: a Alemanha.

Este formato de competição perdurou até ao Mundial do México, em 1970, marcando presença na Suécia’58, Chile’62 e Inglaterra’66. Neste período o Brasil fez o seu ‘tri’ sob a batuta de Pelé (1958, 1962 e 1970), deixando para os ingleses a vitória na sua pátria.

Já Alemanha’1974 e Argentina’1978 voltaram a trazer mudanças. As mesmas 16 seleções em prova tinham agora uma segunda fase de grupos, na qual os primeiros classificados se apuravam para a final. Foram as finais perdidas da gloriosa Holanda de Cruyff: primeiro, para a Alemanha de Beckenbauer, e depois para a Argentina de Kempes.

O salto para as 24 seleções

Em 1982, a FIFA “baralha e volta a dar”, alargando a competição para 24 seleções. Em solo espanhol verificou-se novo modelo único: uma primeira fase com 6 grupos de 4 equipas, e uma 2ª fase, com quatro grupos de 3 elementos (12 no total), nos quais os vencedores se encontrariam nas meias-finais e posterior final. Na estreia deste formato, a Itália alcançou o seu ‘tri’, igualando o recorde do Brasil.

Ainda sem certezas na escolha do formato, a FIFA volta a alterar o panorama em 1986, com seis grupos de 4, onde passam os dois primeiros e os quatro melhores terceiros classificados para oitavos, quartos, ‘meias’ e final, impondo-se a Argentina de Diego Maradona. Esta mesma história repetiu-se em 1990 e 1994, nos Mundiais de Itália e dos Estados Unidos, acabando por sorrir a Alemanha e o Brasil.

A contemporaneidade do 32

Por fim, o Mundial chega à sua era idade moderna no ano de 1998. Em França, o país anfitrião capitalizou o factor casa para a sua primeira conquista mundial, liderado por Zinedine Zidane, naquela que foi a primeira edição com 32 seleções. A FIFA procurou alargar ao máximo a competição e esta resiste nos mesmos moldes até 2014, onde aos oito grupos se segue uma período de “vida ou morte” a eliminar.

Porque a história se escreve continuamente, já se discute uma versão do Mundial com 40 seleções. O assunto começa a ganhar força e o futuro é já uma discussão feita no presente.