O Arena Castelão parece outro. Está com boa cor, está de cara lavada, está moderno como os mais modernos estádios que o Mundo já viu. Mas há para isso um bom motivo.

O recinto sedeado em Fortaleza, no Estado do Ceará, é um dos palcos do próximo Campeonato do Mundo. Já foi alvo de testes durante a Taça das Confederações em 2013 e saiu-se bem. Agora espera por seis jogos durante a competição mais importante do Mundo.

Mas é impossível falar do presente e do futuro do recinto, sem recorrer ao passado. Sim, porque este estádio foi erigido há quarenta anos (1973). Nessa sua primeira inauguração houve um convidado que deu nas vistas: Erandy Pereira Montenegro.

Avançado clássico, elegante e esguio, sempre de bigode bem aparado, ficou na memória dos adeptos do Ceará pelos muitos golos apontados ao serviço do clube local e, sobretudo, pelo tento inaugural do emblemático estádio Castelão, ou como formalmente lhe chamam os brasileiros: Estádio Governador Plácido Aderaldo Castelo.

Mas se um golo é por norma sinónimo de alegria, a este será necessário acrescentar a sensação de alívio. A história conta-se em poucas linhas.

Foi o seu golo que aliviou a tensão após da inauguração do estádio – a 11 de novembro de 1973 - se ter saldado num empate a zero no clássico entre Ceará e Fortaleza.

«Depois da frustração de não marcar contra o Fortaleza, nossa preocupação era que o primeiro gol do estádio não fosse feito pelo ‘time’ de fora», contou Erandy à imprensa do seu país.

Uma semana depois, a 18 de novembro, aos 22 minutos da segunda parte, um remate cruzado de Erandy evitou que os forasteiros do Vitória da Bahia inscrevessem primeiro o seu nome na história do ‘Castelão’. E assim assegurou que não seria esquecido.

Algo que se revelou mais difícil de fazer na sua fugaz passagem pelo FC Porto. Em 1970/71, antes ainda de saber que viria a ser um dia o herói do Castelão, Erandy vestiu a camisola do clube da Invicta, num plantel que contava com figuras de destaque, como António Oliveira, Pavão ou Seninho. O brasileiro era apenas uma das várias apostas dos dragões para “apagar” a péssima época anterior, onde não tinham ido além do nono lugar no campeonato nacional.

Erandy cumpriu a sua estreia num jogo particular com o Leixões e até apontou o golo solitário desse desafio de homenagem a Raúl Oliveira. Contudo, o jogador de 24 anos não se conseguiu impor de forma contínua no FC Porto e regressaria pouco tempo depois ao Brasil e ao Ceará, sem deixar marca ou saudades.

Até os registos históricos pouco ou nada referem da sua passagem pelos dragões. Para memória futura resta uma fotografia a preto e branco, onde sobressaem o símbolo do FC Porto na camisola… e o bigode primorosamente aparado.

Já não voltaria mais a Portugal, estabelecendo-se no seu país e construindo uma sólida carreira de treinador, passando por Ferroviário, ABC, América-RN, Santa Cruz, CSA, Sampaio Correa, Fortaleza, Central, Ceará, Icasa, Alecrim e ASA.

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