O português Carlos Queiroz, selecionador de futebol do Irão, espera que a equipa possa ultrapassar as más condições de preparação para fazer um bom Mundial, mas entende que o sorteio lhes foi desfavorável.

O Irão disputará no Brasil o quarto Mundial da sua história, depois das presenças em 1978, 1998 e 2006, e integrará o grupo F com a favorita Argentina, a campeã africana Nigéria e a Bósnia-Herzegovina, em estreia absoluta numa grande competição.

“É a nossa missão impossível, uma, duas e três vezes”, disse o treinador português à agência France Press, embora realce que são essas dificuldades que tornam um Mundial atrativo.

Queiroz lembrou que muitos pagam milhões de dólares para jogarem um particular com a Argentina, de Messi, e que os futebolistas do Irão têm a oportunidade de o fazer graças ao seu esforço.

“É uma oportunidade fantástica para nós, de enfrentarmos uma equipa com aquele jogador [Messi], que não é humano”, sublinhou.

No Mundial do Brasil, o treinador, com larga experiência no futebol, considera que a seleção iraniana “tem o dever de tentar a sua sorte”, mas disse estar consciente que se trata de um “sonho irrealista”.

As dificuldades à frente da equipa asiática têm sido enormes, devido às sanções internacionais, e em setembro a seleção teve que cancelar um estágio de preparação em Portugal devido à falta de verbas.

“Perdemos seis meses. Espero que sejamos capazes de encontrar uma solução, embora nada esteja marcado de momento”, explicou o técnico em relação à ausência de apoios.

Apesar das dificuldades, a paixão dos iranianos pelo futebol é algo que pode contribuir para motivar a equipa.
“Os iranianos têm o futebol no sangue e na alma. Aqui não precisamos de promover o futebol através do ‘marketing’”, considerou Queiroz, enaltecendo a formação, o futsal ou o futebol de praia no país.

O técnico disse que na sua chegada encontrou uma federação “letárgica, sem ambição” e que tentou efetuar mudanças, encaradas com ceticismo, com a chegada de jogadores com dupla nacionalidade como Davari, Ashkan Dejagah, Reza Ghoochannejhad ou Steven Beitashour.

“Numa sociedade conservadora como a do Irão não é fácil falar em reformas e mudança de hábitos. Não é fácil no Irão, nem em qualquer outra parte do Mundo”, acrescentou.

Para Carlos Queiroz o profissionalismo existe no país, mas a seleção não pode ser competitiva sem experiência internacional.

“O meu compromisso com os iranianos é fazê-los feliz. Isto é o Mundial, é o nosso momento de dizermos ao mundo que o Irão é um país de futebol”, concluiu o técnico, cujo contrato termina a 31 de julho.