A probabilidade de Portugal passar a primeira fase do Mundial de futebol de 2014 é, segundo um estudo matemático, de 45%, mas, daí para a frente, a margem reduz-se até 1% de hipóteses de sair campeão.
Se passar aos oitavos de final, a seleção portuguesa, que defronta Alemanha, Gana e Estados Unidos no Grupo G, tem então 23% de chances de chegar aos quartos de final e somente 3% de atingir a final, mostra o simulador desenvolvido por dois matemáticos brasileiros da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"Foi uma surpresa para nós, porque achamos a seleção de Portugal forte, e no ‘ranking’ da FIFA também não está ruim. Mas há sempre o imprevisível, pode ser que um suplente de Portugal entre no jogo e se mostre um génio da bola que ninguém conhecia", brinca o professor Moacyr Alvim, em declarações à Lusa, sublinhando que o "acaso" vai estar sempre presente.
O simulador teve origem numa brincadeira de um dos professores, que tentou criar um algoritmo para definir o melhor jogador nas partidas de bilhar que realizava com amigos. O passo seguinte foi levar o modelo para a sala de aula, usando o interesse pelo desporto para atrair a atenção dos alunos, e o algoritmo começou a ser utilizado ainda no Mundial2010, quando fizeram os cálculos dos resultados mais prováveis durante a primeira fase, antes de alargarem agora as estimativas até à final.
Os cálculos dizem que Cristiano Ronaldo e companhia têm 25% de hipóteses de vencer no jogo de estreia, cujo resultado mais provável é 2-1 favorável à Alemanha. Os germânicos têm 53% de chances de vencer, enquanto a probabilidade de um empate é de 22%.
Frente aos Estados Unidos, as probabilidades de triunfo luso aumentam para 34%, mas a vitória dos norte-americanos tem mais força (41%), sendo contra o Gana (28%) que Portugal tem as melhores chances de êxito (47%). Em ambos casos, o resultado mais provável é uma igualdade 1-1.
"O sistema é baseado nos resultados de cada seleção nos últimos quatro anos. Não só na vitória, mas no empate e derrota também. Chega-se então a um cálculo que indica qual a força de defesa e de ataque de cada seleção", explicou à Lusa o professor Moacyr Alvim. Para chegarem às percentagens, ele e Paulo Cezar Carvalho simularam 100 mil campeonatos do Mundo partindo dos mesmos grupos do Mundial do Brasil.
Com base nos dados, a Alemanha é a que está em melhor posição no Grupo G. A equipa de Joachim Low tem 97% hipóteses de passar aos "oitavos", 70% de chegar aos "quartos" e 9,5% de ser campeã, enquanto o Gana tem 44% de hipóteses de chegar à fase a eliminar e somente 0,3% de ser campeão. Os EUA, dificilmente atingem a segunda fase (13%) e também só por "milagre" levantam a taça (0,4%).
No entanto, o investigador observou que o sistema não permite incluir variáveis que também "estão em jogo", como a adaptação dos jogadores estrangeiros ao clima de cada cidade, os "desfalques" gerados por lesões e expulsões, entre outros, admitindo, por isso, alguma imprecisão nos resultados.
"O que fizemos foi tentar quantificar o que já fazemos intuitivamente entre amigos, observando quais são as seleções mais fortes, com base em resultados anteriores, mas há sempre uma dose de subjetividade, na hora de escolher quais os dados que vão entrar e quais não", pondera.
Pelo estudo, o Brasil, que recebe o Mundial entre 12 de junho e 13 de julho, é o país com mais hipóteses de se sagrar campeão do Mundo, com 28% de probabilidade de vencer a final, seguido da Espanha, detentora do título, com 16%, e Argentina, com 12%. Em todas as simulações feitas, Nigéria e Coreia do Sul jamais erguem o troféu em 2014.
Para os que gostaram da ideia de ter um sistema matemático na hora de fazer suas apostas, o professor explicou que os resultados vão ficar disponíveis no sítio na Internet da Escola de Matemática Aplicada (EMAP) da FGV e vão ser atualizados no decorrer dos jogos, aumentando a previsibilidade do estudo à medida que seleções forem sendo eliminadas.