A 19 de setembro de 1846, dois pastorinhos - Maximin Giraud e Mélanie Calvat – estavam na montanha de La Salette, em Isére, nos Alpes franceses, quando receberam a aparição da Virgem Maria. Quase 150 anos depois, a sua devoção é vivida um pouco por todo o Mundo, na linha das aparições marianas de Lourdes e Fátima, mas com especial força em Curitiba e no Clube Atlético Paranaense.

O culto a Nossa Senhora de La Salette é uma tradição dentro da religião que é o “Furacão” entre os paranaenses. Embora o século XX tenha alimentado a devoção, o sentimento só chegou às instalações do clube nos anos 80, quando os rubro-negros recuperaram o protagonismo depois de quase três décadas sem títulos.

Na Arena da Baixada, os avançados Assis e Washington davam então fé aos adeptos. A eles, era a Nossa Senhora da Salette quem alimentava a crença. Natural de São Paulo, Assis rapidamente percebeu a “popularidade” da santa em Curitiba, onde já existia uma capela com a sua “bênção”. Começou a frequentar o santuário e com ele chegaram colegas de equipa, unidos nos pedidos de proteção. A eles juntaram-se muitos adeptos, que pediam também a chegada de mais vitórias.

Com ou sem intervenção “divina”, os bons resultados não tardaram a aparecer e Nossa Senhora de Salette foi adotada pela torcida atleticana. Por ela passam as orações de jogadores, dirigentes e adeptos antes dos grandes jogos. Naturalmente, a sua imagem passou a fazer parte do balneário da equipa e ganhou mesmo uma capela no centro de estágio do Atlético Paranaense. Se as coisas falhassem no relvado, haveria sempre a crença num 12º elemento a zelar pelo grupo: Nossa Senhora da Salette.

O padre João Batista Chemin é o ponta de lança nas táticas religiosas do Atlético Paranaense. Capelão do clube desde 2006, tanto desce ao balneário para falar aos jogadores – chegou mesmo a celebrar o casamento de alguns futebolistas, como Kleberson, Dagoberto ou Alessandro – como se senta no camarote da presidência do clube. O estatuto alcançado ao longo dos últimos anos conferiu-lhe o cargo de protetor da estátua de Nossa Senhora da Salete enquanto a Arena da Baixada passou pelas obras de renovação para o Mundial 2014.

E porque se diz que Deus ajuda aqueles que se ajudam a si mesmos, o padre Chemin também dá um recado aos jogadores, como conta numa reportagem do site GloboEsporte: “Deus não chuta a bola para ninguém. Vocês têm de fazer a vossa parte”. Caso não consigam fazer, é esperar pela proteção de Nossa Senhora da Salette, a 12ª jogadora do Atlético Paranaense.