O primeiro-ministro centro-africano, André Nzapayéké, pediu hoje aos seus compatriotas que respeitem uma trégua na violência intercomunitária durante o Campeonato do Mundo de futebol, e também durante o Ramadão, que começa no próximo dia 28.

"Amanhã, quinta-feira 12 de junho, terá lugar o primeiro jogo do Campeonato do mundo. Muitas pessoas concordaram numa cessação ou suspensão dos movimentos sociais, para permitir que a população, sobretudo a jovem, aproveite plenamente o evento que apenas se realiza de quatro em quatro anos", declarou o primeiro-ministro numa declaração à imprensa em Bangui.

"Não desperdicemos este período em que o mundo inteiro está unido à volta de um único rei que se chama futebol", disse Nzapayéké, que fez um apelo aos jovens: "Juventude centro-aficana, vocês que têm 16 anos já sabem que terão 20 quando se realizar o próximo Mundial. Aproveitem esta oportunidade que o mundo nos oferece para admirar as nossas vedetas", mencionando os nomes do camaronês Samuel Eto'o e do costa-marfinense Didier Drogba.

"Finalmente, no próximo 28 de junho, começa o Ramadão, um período de paz e amor, um período em que nos ajudamos uns aos outros e aos mais frágeis. Um período de partilha. Um período em que o maior sacrilégio é fazer mal ou magoar o outro", disse o primeiro-ministro.

Depois da tomada do poder dos muçulmanos do Séléka (expressão que significa "aliança" nos idiomas locais) em março de 2013, que foi invertida em janeiro de 2014, a República Centro-Africana vive uma crise sem precedentes.

As ações de grupos armados contra os civis fizeram milhares de mortos e centenas de milhar de deslocados, incluindo civis muçulmanos obrigados a fugir de regiões inteiras face à violência das milícias cristãs anti-balaka (expressão que nos idiomas locais significa "anti-espada").