Paulo Bento já o temia, mas talvez alimentasse a secreta esperança de estar enganado: a seleção portuguesa de futebol vai "passar um sufoco" na estreia no Mundial2014 e isso não será exclusivamente responsabilidade da poderosa Alemanha.

O dia acordou quente e abafado em Salvador, capital do estado brasileiro da Baía, e promete adicionar outro ingrediente indesejado - a chuva - para o encontro no estádio Arena Fonte Nova, marcado para um horário invulgar (13:00 horas, 17:00 em Lisboa).

Temperatura de 28º Celsius prevista para o momento do pontapé de saída, índice de humidade a rondar os 90 por cento e 70 por cento de possibilidade de chover. Quem conhece bem os humores do clima da região diz que é o prenúncio de um pequeno dilúvio.

"O tempo aqui nessa altura é assim mesmo, meio maluco. Fica abafado, com muita pressão, depois chove um ‘toró', alivia e vem o sol. Acho que é o que vai acontecer hoje", explicou Fernanda Albuquerque, natural de Salvador e voluntária no recinto do jogo de estreia de Portugal no Grupo G da fase final.

Na conferência de imprensa de domingo, Paulo Bento lamentou que a FIFA não tenha aprendido com os erros do passado e continue a marcar a realização de jogos de Mundiais para horários que "prejudicam toda a gente", em especial os jogadores, e os factos parecem dar razão ao selecionador português.

Com as manifestações circunscritas ao centro de Salvador, bem longe das imediações do Arena Fonte Nova, estádio com capacidade para 52.048 espetadores, vista privilegiada sobre o bonito Dique do Tororó e as suas famosas com esculturas de Orixá, a maior preocupação da organização são os acessos.

No Espanha-Holanda, o primeiro encontro da "Copa" no recinto incrustado entre as favelas de Dique pequeno e Tororó - disputado às 16:00 horas locais -, foi o pandemónio. Os hotéis não podiam chamar táxis para os adeptos, simplesmente porque os que existiam estavam retidos nas proximidades do estádio e não conseguiam regressar.

Conselho de amigo conhecedor, Adson Damasceno, outro voluntário no jogo de estreia da equipa lusa: sair com três horas de antecedência para o estádio, cujas portas acabaram de ser abertas, cerca das 10h00 locais (14h00 em Lisboa), algo que pode não ser suficiente com a aproximação da hora do início da partida.

A pouco menos de duas horas do pontapé de saída, os alemães parecem golear em número os adeptos da equipa das “quinas” e só o apoio dos espetadores brasileiros poderá equilibrar o duelo de vozes nas bancadas, tal como apelou na véspera Cristiano Ronaldo, o "fator x" de Portugal em terras brasileiras.