O antigo vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) António Boronha lamentou hoje a pressão excessiva colocada sobre Cristiano Ronaldo, durante o Mundial2014, e disse concordar com a permanência de Paulo Bento.

“Repetir 100 vezes por dia que Cristiano Ronaldo é o maior não faz dele o maior! Faz dele o alvo maior a ser abatido por adversários menores”, afirmou António Boronha, em declarações à agência Lusa.

O antigo dirigente federativo manifestou-se favorável à continuidade do selecionador Paulo Bento à frente da equipa das “quinas”, sobretudo por não conseguir encontrar alternativas.

“Digam-me o nome da alternativa e talvez possa responder. Porque ao contrário de muitos que pensam, hoje, que qualquer treinador fará melhor do que o Paulo Bento, eu acho que raríssimos o conseguirão. Por isso digo que para pior já basta assim. Conheço Paulo Bento há muitos anos como homem, jogador e treinador. É dos mais sérios, honestos e trabalhadores entre os muitos com quem me cruzei. Também dos mais teimosamente teimosos, confesso”, frisou.

No entanto, António Boronha deixa algumas críticas ao técnico, nomeadamente quanto à convocatória para a fase final do Mundial2014, que devia incluir, “sempre, os mais capazes física e mentalmente”.

“O hospital de campanha deverá passar a ser equipamento totalmente erradicado na bagagem da seleção nacional. Um ‘wrestler’ como William Carvalho faz muito mais falta do que um iluminado, não disse iluminura, mas completamente desgastado, Meireles; um inexperiente Bebé teria sido, de certeza mais útil, que um Postiga coxo”, sublinhou.

Além destas alterações, que admitiu terem consequências na forma de jogar da seleção lusa, o antigo dirigente sugeriu ainda a revisão da “regulamentação da utilização de estrangeiros” nos campeonatos nacionais.

Noutro ponto, Boronha critica ainda a escolha dos locais de estágio em função das condições de treino e não da semelhança com os “palcos” de competição.

“Aqui entramos nos particulares, nas fulanizações e…nas minhas modestas opiniões. Na dicotomia adaptação feita em zonas com melhores condições de treino versus regiões com parâmetros atmosféricos semelhantes àqueles em que irão decorrer os jogos parece-me claro que deverá passar a prevalecer a segunda. Macau e Campinas provam isso”, rematou.

Para Boronha, a seleção lusa manteve a “tradição” europeia de obter fracos desempenhos noutros continentes, reeditando as campanhas de 1986 e 2002, apontando a de 2010 como a menos má, pelo que sugere uma preparação “diferente, mais inteligente, mais eficaz e mais adequada” para estas competições, além de tentar, juntamente com os membros da UEFA, adequar o calendário aos Mundiais.