O terceiro Mundial de Futebol de Rua começou segunda-feira em São Paulo, Brasil, com jovens de 20 países a disputarem jogos em que valores como solidariedade, cooperação e participação são mais importantes do que os golos.

Os cerca de 300 jovens participantes têm entre 16 e 21 anos e estão ligados a movimentos de defesa de direitos humanos. A fase final do torneio, com 16 equipas participantes na segunda-feira, mas as conferéncias e debates ocorrem já desde o passado dia 01 de julho.

As partidas, em que participam rapazes e raparigas, são divididas em três tempos, sendo o primeiro utilizado para definir as regras que terão de ser respeitadas, o segundo para o jogo em si e o terceiro, para reflexão e atribuição de pontos. Não há árbitro, mas um mediador, que ajuda a encaminhar o debate.

"O futebol de rua é como se fosse uma escola, a cada dia aprendemos uma coisa nova, sempre na coletividade e na solidariedade. Aqui, se houver uma falta, não é preciso o juiz marcar, nós aceitamos", afirmou Vinícius de Oliveira Sá, de 16 anos, participante da delegação brasileira e morador na zona leste de São

Paulo.

Oliveira Sá realçou que o fato de as equipas serem mistas impede que haja uma exclusão das raparigas.

"No futebol tradicional, as pessoas acham que a mulher não gosta [do desporto] e não as respeitam. Mas no nosso jogo todo mundo toca na bola", acrescentou.

O convívio com os adolescentes estrangeiros foi intensificado com alojamentos compartilhados e, segundo Oliveira Sá, as barreiras linguísticas são ultrapassadas na medida em que cada um ensina algumas palavras em seu idioma aos novos colegas.

Os participantes desta edição, a primeira não vinculada à FIFA, são África do Sul, Alemanha, Argentina, Bolívia, Brasil, Catalunha, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Gana, Guatemala, Israel, Panamá, Paraguai, Peru, Serra Leoa e Uruguai.

No campo, regras como o lançamento da linha lateral e a quantidade de jogadores são definidas pelas equipas. Os golos valem pontos, mas o respeito por critérios como solidariedade e companheirismo também.

O Mundial de Futebol de Rua, idealizado pelo ex-futebolista argentino Fabian Ferraro, entende o desporto como uma forma de transformar e incentivar o desenvolvimento dos adolescentes.