O futebol é feito de golos. No entanto, o Campeonato do Mundo do Brasil tem tido os guarda-redes como principal foco. Ao longo da competição foram os guardiões que ascenderam ao estatuto de heróis. Mais do que Messi, Ronaldo ou Neymar, quem tem deslumbrado nos relvados são os jogadores mais recuados junto à linha do golo.

Desde novas revelações a confirmações, os guarda-redes têm elevado a qualidade dos jogos bem como o nível de espetacularidade.

Keylor Navas

Entre os nomes mais falados está Keylor Navas. A Costa Rica surpreendeu ao ter “sobrevivido” ao grupo da morte e acabou por se qualificar para os oitavos-de-final na liderança do grupo D. Com vitórias perante Uruguai (3-1), Itália (1-0) e um empate frente a Inglaterra (0-0), a Costa Rica eliminou dois antigos campeões do mundo.

O sucesso dos centro-americanos pode ser descrito em duas palavras, melhor, dois nomes: Keylor Navas. O guarda-redes do Levante foi instrumental na seleção costa-riquenha e conquistou a atenção do mundo inteiro. Navas mostrou ser um guardião corajoso e o seu nome atingiu a imortalidade. A terra natal do costa-riquenho, Pérez Zeledón, vai mudar o nome do estádio local para Estádio Keylor Navas. A Costa Rica sai do Mundial, em conjunto com a Holanda, como as únicas seleções que foram eliminadas sem perder um jogo.

Guillermo Ochoa

O grupo A viu nascer outra superestrela sul-americana. A seleção mexicana mostrou bom futebol mas foi da baliza que saiu o brilho. Guillermo Ochoa chegou ao Brasil como o único jogador mexicano que se encontra sem clube, mas as suas prestações no Campeonato deverão acabar com as suas “férias”.
O jogo frente ao Brasil, que Ochoa considerou a sua melhor partida de sempre, mostrou toda a qualidade que o mexicano possui. Apesar das várias tentavas dos canarinhos, o guardião não cedeu e manteve o empate até ao final do jogo. A seleção mexicana, com grande mérito do guarda-redes, passou aos oitavos onde nem mesmo o brilhantismo de Ochoa foi capaz de deter a Holanda. Os mexicanos caíram aos pés da laranja mecânica nos últimos minutos após um golo aos 90+4 de grande penalidade.

Tim Howard

O continente americano possuiu, contudo, mais um grande talento no que toca a defender. Os Estados Unidos, inseridos no grupo de Portugal, chegaram ao Brasil sem grandes expetativas. No entanto, os americanos renderam-se ao “soccer” mas, sobretudo, a Tim Howard.

O guarda-redes do Everton foi, possivelmente, o melhor jogador norte-americano do Mundial e sai do Brasil com o recorde de maior número de defesas num jogo. Howard defendeu, frente à Bélgica, 16 remates. Apesar da derrota, Howard apresentou-se como uma dos melhores guardiões do torneio com grandes exibições frente a Alemanha, Gana, Portugal e Bélgica, que lhe valeram, na internet, o cargo de Ministro da Defesa americano.

Rais M’Bolhi

A seleção da Argélia foi a última equipa africana a sair de prova do Mundial. Os argelinos apresentaram um futebol combativo e dedicado, deixando uma boa imagem do futebol argelino para o resto do mundo.

Para além do “leão” Slimani, a Argélia mostrou ao mundo a qualidade de Rais M’Bolhi. O guarda-redes argelino foi uma das revelações do Mundial e mostrou que em África também existem grandes guarda-redes. A Argélia caiu frente à Alemanha que teve grandes dificuldades em bater M’Bolhi.

Sergio Romero

O mais recente herói é Sergio Romero. Após o jogo de ontem, “San Romero”, como afirma a imprensa argentina cimentou o seu lugar no top cinco dos grandes guarda-redes do Brasil’2014. O jogador do Mónaco ocupa as redes argentinas desde o início do Campeonato do Mundo e tem sido uma muralha intransponível. Romero, que ontem garantiu a final para a albicelestes, conta com três jogos seguidos sem sofrer qualquer golo. Ontem, defendeu dois penalties para acrescentar ao enorme número de defesas que já realizou neste Mundial.

As luvas da desilusão

Embora o Mundial tenha dado destaque à genialidade de alguns guarda-redes, houve certos guardiões que levam más memórias do Brasil. Iker Casillas, campeão em título, foi um dos jogadores mais inconformados. O guarda-redes do Real Madrid sofreu sete golos em três jogos da fase de grupos, sendo que cinco foram “oferecidos” pela Holanda.

Contudo, Casillas não está sozinho no lote de jogadores com recordações negativas. Igor Akinfeev foi o escolhido por Fabio Capello para defender as redes da seleção russa. O jogador, de 28 anos, já é bastante experiente em jogos internacionais. Mesmo assim, o guarda-redes do CSKA de Moscovo deu um “frango” monumental frente à Coreia do Sul. O golo valeu o empate, que dificultou a passagem da Rússia aos “oitavos”. O russos ficariam pelo caminho.

Por cá, Rui Patrício partiu para o Brasil como o dono da baliza portuguesa. Aposta habitual de Paulo Bento, o guarda redes português foi, sem grandes surpresas, o eleito para o jogo de abertura frente à Alemanha. O jogador do Sporting teve uma breve passagem pelo Brasil e não podia ter sido pior. Portugal perdeu com os germânicos por 4-0 e Rui Patrício não esteve ao nível das expectativas. Para piorar ainda mais o caso do português, o guarda-redes contraiu uma lesão muscular e não jogou mais no resto do Mundial.

Faltam apenas dois jogos para o final do Campeonato do Mundo. Brasil e Holanda discutem o terceiro e quarto lugar enquanto Alemanha e Argentina medem forças no Maracanã. O Mundial tem sido o palco dos guarda-redes e a conquista do título pode muito bem passar pelas mãos de Manuel Neuer, da Alemanha ou Sergio Romero, da Argentina.