A Alemanha, já na lenda depois dos históricos 7-1 ao anfitrião Brasil, e a Argentina, consistentemente com a baliza a zero a eliminar, disputam domingo a final do Mundial2014 de futebol, definindo no Maracanã a sua particular “trilogia”.

A “Mannschaft” procura o “tetra”, 24 anos depois de ter conquistado o “tri”, em 1990, com um triunfo por 1-0 em Roma, face, precisamente, à Argentina, que, curiosamente, também arrebatou o seu último cetro, o segundo, face aos germânicos, quatro anos antes, em 1986, no México, ao vencer por 3-2.

O desempate será feito no Rio de Janeiro, no mítico Maracaña, o palco perfeito para um Mundial para recordar sempre, feito de muitos golos, de grandes jogos, de exibições imensas, coletivas e individuais: falta uma grande final, entre um conjunto poderosíssimo e outro que tem Lionel Messi.

Pela forma como massacraram os “canarinhos”, os germânicos apresentam-se como favoritos, mas são-no por muito mais do que isso, sobretudo pelo facto de não o terem conseguido por acaso, mas por serem a melhor seleção do momento.

Caso consiga “certificar” o estatuto de forma convincente, depois do que já fez até chegar à final, o conjunto comandado por Joachim Löw entrará, aliás, para a história dos Mundiais como a melhor Alemanha de sempre.

Os germânicos venceram em 1954, mas não eram melhores do que a Hungria, de Puskas, Kocsis e Czibor, ganharam em 1974, mas quem encantou foi a Holanda, de Cruyff, e, em 1990, eram superiores, mas venceram com um penálti inventado, uma decisão nascida apenas para “matar” o sonho de Maradona.

Desta vez, a Alemanha “tem” que fazer mais, depois do que mostrou com o Brasil e em toda a competição, mesmo quando sofreu para ultrapassar Argélia (2-1, após prolongamento) e França (1-0) ou na fase de grupos, perante Gana (2-2) e Estados Unidos (1-0), após a goleada a Portugal (4-0).

Resguardada pelo melhor guarda-redes do Mundo, com uma defesa compacta e possante, um meio-campo criativo e muito bom na circulação de bola, indiscutível “selo” Guardiola, e opções atacantes para todos os gostos, a Alemanha é, basicamente, uma equipa sem pontos fracos.

Os alemães só podem ser favoritos, mas é impensável imaginar uma final à imagem da meia-final, pois a Argentina não vai cometer o erro do Brasil e tentar jogar de igual para igual, consciente de que tal seria um suicídio.

Apesar de ter jogado dois prolongamentos, o conjunto comandado por Alejandro Sabella não sofreu golos nos três jogos a eliminar, face a outros três conjuntos europeus (Suíça, Bélgica e Holanda), e, como tal, não vai mudar nada, até pelo desgaste, ao qual se junta menos um dia de descanso.

Desde os “oitavos”, os sul-americanos também só marcaram dois golos e um foi apontado por Di Maria, que sofreu lesão muscular nos “quartos” e não deve jogar, mais uma razão para apostar tudo na consistência defensiva, que tem tido como símbolo, como líder, o “trinco” Javier Mascherano.

Para vencer os alemães, isso poderá não chegar, será necessário, provavelmente, o melhor Lionel Messi, ou pedaços da sua “magia”, que já se viram no Brasil, nos quatro golos da primeira fase ou naquele passe que permitiu a Di Maria “arrumar” os suíços. Faltou nos últimos dois jogos.

Em 1986, Maradona só precisou de um momento para decidir a final, com um passe mágico para Burruchaga. Agora, 28 anos depois, a “estrela” do FC Barcelona tem a hipótese de repetir a façanha, também com a Alemanha do outro lado, uma seleção enorme, que já fez quase tudo para merecer o título, quase.