A Alemanha tornou-se domingo a primeira seleção europeia de futebol a vencer o Mundial em solo americano, ao conquistar o “tetra” no Brasil, depois de uma prova em que mostrou que era a melhor equipa desde início.
Os germânicos foram melhores do que nas anteriores vitórias, em 1954, 1974 e 1990, as duas primeiras marcadas por derrotas e a última com um desempate por penáltis nas “meias”, e, pelo meio, conseguiram um resultado para a lenda.
A goleada por 7-1 ao anfitrião e único pentacampeão mundial, o Brasil, nas meias-finais, com 5-0 aos 29 minutos, vai perdurar para sempre com um dos resultados mais sensacionais da história do futebol.
Um resultado como este acontece “uma vez na vida”, mas a Alemanha não brilhou só nesse jogo, foi sempre uma equipa compacta, forte, que pareceu sempre muito difícil de bater, com um futebol positivo, de qualidade e posse de bola.
O selecionador Joachim Löw aproveitou da melhor forma o que o catalão Pep Guardiola “deu” à equipa, mais precisamente aos jogadores do Bayern Munique, a base da seleção. Em 2010, tinha sido a Espanha a beneficiar, através do FC Barcelona.
A “Mannschaft” foi, de facto, um todo quase perfeito, em que muitos brilharam, do guarda-redes Manuel Neuer, o “Luva de Ouro”, ao ponta de lança Miroslav Klose, que se tornou o melhor marcador da história dos mundiais, com 16 golos.
Os defesas Philipp Lahm, na direita ou no meio campo, Mats Hummels, imenso contra a França, Jerome Boateng e Benedikt Höwedes formaram um quarteto “fantástico”, numa equipa que sofreu apenas quatro golos, em sete jogos.
No meio campo, Sami Khedira, que falhou a final por lesão e foi “enorme” com o Brasil, Bastian Schweinsteiger, um pêndulo todo a prova, e Toni Kroos, autor de um “bis” face aos “canarinhos”, formaram um trio determinante no jogo alemão.
Por seu lado, Thomas Müller repetiu os cinco golos de 2010, tendo arrancado com um “hat-trick” a Portugal, enquanto Mesut Özil não esteve ao seu melhor nível, mas também foi importante e teve pormenores de enorme classe.
Do banco, também vieram contribuições determinantes, bastando dizer que foram os suplentes Andre Schürrle (a criar) e Mario Götze (a marcar) que construíram o golo do “tetra”, sendo que jogador do Chelsea acabou com três tentos.
A Alemanha não acabou a prova da forma que se chegou a pensar, depois dos 7-1 ao Brasil, mas a culpa também foi da Argentina, que “emperrou” a “máquina” germânica e poderia mesmo ter triunfado na final.
Pelo que fez ao longo da prova, não desmerecia, mas mais numa perspetiva da forma como defendeu: nos quatro jogos a eliminar, num total de 450 minutos (correspondentes a cinco encontros), apenas sofreu um golo, aos 113 minutos da final.
Sem Di Maria desde os quartos de final, a formação sul-americana não contou com Lionel Messi ao seu melhor nível, sobretudo nos últimos três jogos, depois de ter brilhado na fase de grupos, com quatro golos, que lhe terão valido o prémio de melhor jogador da prova. A Argentina marcou oito.
No último lugar do pódio, ficou a Holanda, que começou (5-1 à campeã mundial Espanha) e acabou em “grande” (3-0 ao anfitrião Brasil), sempre liderada pela classe de Arjen Robben, que só não conseguiu derrubar a Argentina.
Os comandados de Louis van Gaal despediram-se sem derrotas (cinco vitórias e dois empates), com o seu 3-5-2 ou 5-3-2 e mais uma série de jogadores em destaque, como Cillessen, Vlaar, De Vrij, Wijnaldum, Depay, Kuyt ou Van Persie.
No lugar imediato, ficou o Brasil, mas num quarto posto que não apaga a enorme humilhação das meias-finais, a maior da sua história, o 1-7 com a Alemanha, ainda agravada com um 0-3 a fechar, no jogo do “bronze”, face aos holandeses.
Neymar ainda encantou, com quatro golos na primeira fase, mas foi colocado fora do Mundial por uma entrada faltosa do colombiano Zuniga e, com ele, o Brasil também se foi “embora” do Mundial2014: não foi, mas mais valia ter ido.
Doze anos depois de ter conduzido o “escrete” ao “penta”, o ex-selecionador luso Luiz Felipe Scolari vai, certamente, sair da pior forma.
Nos quartos de final, caiu, por seu lado, a grande sensação da prova, a Costa Rica, que defrontou três campeões do Mundo e dois da Europa e não perdeu um único jogo, selando, de forma categórica, a sua melhor prestação de sempre. Ficaram as exibições de Navas, Duarte, Borges, Campbell e Ruiz.
A Colômbia, liderada por um “enorme” James Rodriguez, melhor marcador da prova, com seis golos, incluindo provavelmente o mais espetacular, também selou a sua melhor prestação, enquanto a França, que teve a revelação Pogba, e a Bélgica caíram perante as finalistas.
A Grécia (de Fernando Santos) e a Argélia, pela primeira vez, os Estados Unidos, a Suíça, o México e o Chile caíram nos “oitavos”, mas por pormenores, justificando plenamente a passagem da fase de grupos, ao contrário de Uruguai e Nigéria.
Quanto à primeira fase, destaque pela negativa para a detentora Espanha, que caiu logo à segunda jornada, a Itália e a Inglaterra, “enganadas” pela Costa Rica, e Portugal, incapaz de superar os Estados Unidos.
Em termos globais, destaque também para os 171 golos, que igualam o máximo absoluto de 1998, o golo “tecnológico” da França, validado pela tecnologia da linha de golo, e a mordidela de Luis Suarez em Chiellini.
Quanto à organização, não se confirmaram as piores expetativas, já que os estádios funcionaram, sem caírem bocados, e as manifestações acalmaram, ou foram acalmadas. Pior foram os horários, com jogos a horas de muito calor.
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