Luís Figo pensa que o futebol só pode aumentar a sua responsabilidade social em tempos de crise se não gastar «tanto dinheiro em transferências», mas admite que isso é «difícil de controlar», por se tratar da «lei do mercado».

«Em termos gerais, a única hipótese que vejo é que não se gaste tanto dinheiro em transferências, mas acho que isso é difícil, porque é uma lei do mercado e é difícil de controlar», disse à agência Lusa em Viena, onde na sexta-feira à noite disputou o anual jogo “All Stars” da Fundação Luís Figo (FLF).

O mais internacional dos futebolistas portugueses, com 127 jogos pela selecção, recordou, no entanto, que os clubes já «são bastante responsáveis socialmente, porque muitos deles têm as suas próprias fundações e trabalham com instituições de solidariedade».

O agora director de relações internacionais do Inter de Milão, de 38 anos, afirmou que, apesar da crise em Portugal, a Fundação Luís Figo, que iniciou a actividade em 2003, não tem recebido mais pedidos de auxílio nos últimos dois anos.

«Nós não somos uma fundação que doa dinheiro. Nós angariamos fundos para, primeiro, tentar realizar os nossos projectos durante o ano, dentro das áreas de intervenção que temos», frisou, adiantando: «Nós não temos condição financeira para distribuir dinheiro só por si».

Luís Figo recordou que, no passado, pontualmente foi doado «algum montante angariado nestes jogos», mas isso aconteceu relativamente a «projectos concretos em parceria» com outras fundações.

«Nós actuamos de uma forma em que escolhemos os projectos que mais se adequam às nossas áreas de intervenção quando não os realizamos pessoalmente. Acho que os pedidos têm sido os mesmos, mas há sempre uma forma de os analisar e de decidir quais são os melhores e os que entram nas áreas que trabalhamos», referiu.

A FLF organiza anualmente o jogo “All Stars” com o objectivo de «angariar fundos para projectos a favor de crianças e jovens desfavorecidos, nas áreas da saúde, educação, desporto e acção social».

Desde a primeira edição, em 2003, os jogos “All Stars” apoiaram projectos como a construção da Casa Ronald McDonald Portugal, a Casa das Cores do Movimento ao Serviço da Vida e o Centro de Acolhimento Temporário para crianças refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, além da UNICEF Portugal e a Fundação Laureus.

Este ano serão apoiados o projecto da Entreajuda “A Postos para a Escola”, a campanha nacional de prevenção de afogamentos infantis da Associação para a Promoção da Segurança Infantil, a oferta de campos de férias para jovens com necessidades especiais do Banco de Informação de Pais para Pais e a Equipa Móvel de Desenvolvimento Infantil e Intervenção Precoce.