Luís Figo recusou hoje a ideia de que o contrato de 750 mil euros, que assinou com o Taguspark, tenha sido uma contrapartida pelo apoio público que deu a José Sócrates, em vésperas das eleições legislativas de 2009.

Questionado pelo procurador Luis Eloy, sobre a possibilidade de ter vislumbrado «relações perigosas» entre os dois factos, Luís Figo respondeu que não lhe cabe pensar se há ou não «coincidência», garantindo que o apoio que deu a José Sócrates foi como «cidadão» que se interessa pelo rumo do país.

Falando como testemunha, por videoconferência, a partir de Itália, Figo revelou que foi alguém do gabinete do então primeiro-ministro que entrou em contacto com o seu empresário Miguel Macedo, para discutir o apoio a Sócrates. Lembrou a propósito que, anteriormente, também apoiara Jorge Sampaio.

Luís Figo precisou que, inicialmente, lhe tinha sido proposto que aparecesse «a correr ao lado de José Sócrates» ou, em alternativa, num «comício» com o então primeiro-ministro, mas que preferiu algo mais «discreto», que se traduziu numa conversa tranquila durante um pequeno-almoço.

Instado pelo procurador a afirmar se há almoços grátis - neste caso, pequenos-almoços -, Figo reiterou que depositava confiança política em Sócrates, como fizeram muitos milhares de portugueses que votaram nele. Com isto, sublinhou que o seu apoio foi desinteressado.

O ex-futebolista revelou que também tinha interesse em conversar com José Sócrates para saber o que «ia acontecer» ao BPN, onde era credor, e ao BPP, de que era cliente, notando que outras questões foram alvo de conversa.

Quanto às negociações para a assinatura do contrato de cedência de imagem à Taguspark, revelou que o encontro com o arguido Rui Pedro Soares ocorreu em Milão, mais precisamente no hotel onde a sua equipa de então, o Inter, estava a estagiar.

Assegurou que «não falou de política» com Rui Pedro Soares, tanto mais que este era administrador da PT e desconhecia que o ora arguido tivesse alguma ligação a partidos, designadamente ao PS.

Luís Figo indicou ainda que, inicialmente, estava previsto que o treinador José Mourinho também entrasse no mesmo tipo de campanha publicitária que era pretendida pelo Taguspark, mas que, por razões que desconhece, a participação do atual treinador do Real Madrid não se efetivou.

Luís Figo disse não saber precisar em que ano conheceu Rui Pedro Soares, mas lembra-se que ele esteve presente numa reunião que manteve com a direção da PT, onde também estiveram Henrique Granadeiro e outros quadros daquela empresa.

Segundo Luís Figo, esta reunião serviu para discutir a estratégia promocional da PT em África, onde o futebol é muito importante, tendo participado, igualmente, o treinador Carlos Queirós, o guarda-redes Vítor Baía (FC Porto) e o avançado Rui Costa (Benfica).

Rui Pedro Soares, João Carlos Silva, antigo administrador do polo tecnológico de Oeiras, e Américo Tomati, à data administrador não executivo do Taguspark, estão a ser julgados pelo crime de corrupção passiva para ato ilícito, relacionado com as contrapartidas que a PT e o Taguspark terão dado a Luís Figo para este apoiar a campanha de José Sócrates, nas eleições de 2009, em que o PS triunfou.

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