O antigo treinador do Sporting Laszlo Boloni reivindica o pagamento por parte de Fernando Seara, conhecido benfiquista, de uma aposta que fizeram quando afirmou que Cristiano Ronaldo ia ser maior do que Figo e Eusébio.

“Um dia numa entrevista afirmei que o Cristiano Ronaldo tinha capacidade para ultrapassar Figo e Eusébio e o meu advogado, Fernando Seara, grande benfiquista, não gostou e discutiu comigo. Para ele Eusébio era o rei, ninguém poderia chegar mais longe, e alertou-me que a minha afirmação iria desagradar a milhões de benfiquistas. Na altura fizemos uma aposta e ele agora vai ter de pagá-la”, contou à agência Lusa o treinador romeno, que lançou Cristiano Ronaldo na equipa principal dos ‘leões’.

Campeão com o Sporting na época 2001/02, Boloni sentiu necessidade de acrescentar que “não quis faltar ao respeito a Eusébio e à sua enorme dimensão futebolística” e que fez essa afirmação, porque via “naquele miúdo [Cristiano Ronaldo] capacidade para atingir um nível superior” ao de Figo e do ‘pantera negra’.

Recuando no tempo, à época de 2001/02, em que fez a dobradinha com a conquista do campeonato e da Taça, Boloni recordou a primeira vez que viu Cristiano Ronaldo em ação.

“Vi-o jogar pelos juniores, num jogo em Alvalade, e chamou-me logo a atenção. Tanto assim que aproveitei a primeira paragem do campeonato principal por causa de um jogo da seleção e pu-lo a treinar com os profissionais. Vi imediatamente que tinha talento, que era tecnicamente forte, que tinha habilidade, que era mais rápido com a bola do que os outros sem ela, mas depois fui percebendo que aliava a essas qualidades caráter, personalidade e muita determinação”, lembrou.

Para Boloni “o problema dos jovens quando chegam ao plantel profissional é terem medo e inibirem-se perante os jogadores mais velhos”, mas “com Ronaldo isso não aconteceu, integrou-se como se fosse um como os outros, o que foi logo um sinal de maturidade”.

“A minha maior surpresa foi mesmo essa, a maturidade que ele revelou, porque as outras qualidades já eu as conhecia”, lembrou Boloni, cuja preocupação na primeira época “não era onde poderia Cristiano chegar”, mas sim que ele se “adaptasse ao futebol profissional o mais cedo possível e evoluísse”.

Tanto mais que Boloni não podia utilizá-lo em jogos oficiais da equipa principal, embora treinasse com o plantel, por “não haver autorização médica e da Federação”, razão pela qual só participava em jogos particulares, o que não preocupava o treinador romeno, porque o importante era “fazê-lo evoluir” para depois o “lançar na época seguinte”.

O treinador romeno, atualmente a orientar o Al-Khor, do Qatar, considerou que falta a Cristiano Ronaldo uma proeza com a seleção portuguesa, como teve Eusébio no Mundial de 1966.

“O Eusébio tinha em Inglaterra uma equipa por trás, que era o grande Benfica europeu, e mesmo Figo ainda apanhou uma boa base que era do FC Porto campeão europeu, em 2004. Sei que Ronaldo já participou nesse Europeu, mas era muito jovem. Penso que ele hoje já demonstrou que é o melhor português de sempre e que pode tornar-se no maior de sempre a nível mundial”, disse Boloni, apesar de reconhecer que o facto de ter tido o “privilégio” de lançar e ter visto crescer a todos os níveis o leve a falar dele com “alguma emoção paternal”.

De resto, diz concordar com o empresário Jorge Mendes, quando este apregoa que Ronaldo vai “jogar até aos 35, 36 anos ao mais alto nível”.

“Acredito que sim. Porque tem qualidades físicas e atléticas extraordinárias, porque nunca teve lesões graves e porque alia às qualidades futebolísticas uma determinação e ambição maior do que todos os outros”, afirmou.

Na inevitável comparação com Messi, começou por dizer que não iria entrar nela, com o argumento de que não conseguiria deixar de “puxar a brasa” à sardinha de Ronaldo - “o meu miúdo” -, mas não resistiu.

“É um erro dizer quem é o melhor. Ronaldo é um futebolista completo, com velocidade, resistência, jogo de cabeça, com os dois pés, mas o Messi também faz coisas fantásticas. Ambos dão espetáculo, mas Ronaldo até podia jogar a defesa central ou a lateral esquerdo e Messi não”, afirmou.

Boloni contou ainda um episódio na época 2001/02, quando o romeno Niculae se lesionou e a única opção para o eixo do ataque era Jardel, contratado já com o campeonato iniciado. Nessa altura, foi a Londres falar com Arsene Wenger, treinador do Arsenal, na tentativa de assegurar o empréstimo de um avançado, visto que o Sporting “não tinha dinheiro”.

“Antes de falarmos do avançado, pediu-me opinião sobre Cristiano Ronaldo. Claro que falei bem dele. O Arsène Wenger tinha um dossiê completo sobre o Ronaldo e disse-me que o Arsenal o queria contratar na época seguinte. Entretanto, o Cristiano fez aquele jogo fantástico frente ao Manchester United, em Alvalade, e o Alex Ferguson, com a sua experiência, já não o deixou escapar”, recordou Boloni, para quem a saída de Ronaldo do Sporting seria sempre “uma questão de meses” e que acabaria sempre “por ir para Inglaterra ou para Itália”.

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