A menos de uma semana, André Villas-Boas deu uma entrevista ao jornal 'O Jogo' e à 'TSF' em que volta a deixar um aviso à atual direção presidida por Pinto da Costa.

Questionado sobre a situação financeira do FC Porto e se teme que seja mais grave do que antecipa caso vença as eleições, o antigo treinador dos dragões acredita que a situação possa ser "mais grave" adiantando que é aí o "momento de ver o verdadeiro portismo".

"Terá de se ver tudo o que tem a ver com subscrições privadas de papel comercial relativamente a bancos. Nós temos a informação que o FC Porto neste momento está a operar com um determinado tipo de investidor que coloca dinheiro para o clube pagar salários, basicamente. Ainda que isto possa ser ainda sujeito a análise, esta é a informação que temos reunido. Informação essa sobre a qual também pedimos esclarecimentos recentemente para saber, precisamente, o que é que vamos encontrar, além do que está declarado no relatório e contas", começou por afirmar.

"É possível que seja mais grave, mas aí será também um momento de ver o verdadeiro portismo, ou seja, se os portistas são apenas aliados a candidaturas ou se são mesmo leais e se subsistem na cooperação, caso venha a ganhar outra candidatura. Portanto, tudo isto exigirá uma análise extensa da realidade. Nós temos prevista uma análise forense à bilhética e às transferências da equipa B, porque temos visto uma disparidade enorme em comissões pagas relativamente aos nossos rivais. O FC Porto, em média, paga 24% de comissões em jogadores da formação, comparado com os seus rivais que pagam 10%. Tudo isto são zonas de intervenção e a bilhética por conta também. Interessa-nos esclarecer porque é que perdemos valor durante anos a fio. Relativamente às finanças, iremos começar gradualmente e ver que descobertas é que vamos fazendo ao longo do caminho", prosseguiu.

André Villas Boas foi perentório e deixou o aviso à atual estrutura do FC Porto: "Serei implacável com qualquer pessoa que tenha lesado o FC Porto. Implacável em todos os pontos de vista. E todas as pessoas que tenham abusado do FC Porto, a nível pessoal, eu irei comunicar. E as razões, os porquês, porque é que o fizeram, nesse aspeto serei implacável".

Depois de ter assumido que não se candidataria em 2028, Villas-Boas admitiu que essa escolha deve-se ao receio de encontrar um clube destroçado a nível financeiro.

"O FC Porto acumulou 250 milhões de euros de passivo em 12 anos. Portanto, evidentemente há uma maquilhagem da nova Direção com novas pessoas. O problema dessas novas pessoas que estão vinculadas a essa candidatura é que estão a retirar dividendos da continuação da candidatura de Pinto da Costa relativamente ao futuro. Isto acontece através dos diferentes empréstimos, seja de papel comercial de subscrição privada, seja também através de empresas relacionadas com o fundo Quadrantis, o que revela um claro conflito de interesses relativamente ao futuro. O que me parece é que o FC Porto não está a ir ao mercado para procurar as melhores soluções. E o FC Porto de 2028, tendo em conta também as pessoas que o rodeiam, pode estar finalmente vinculado a essas pessoas para a eternidade", acrescentou.

As claques do FC Porto têm sido um tema bastante preponderante nos últimos tempos, o atual candidato à presidência diz que caso seja eleito o relacionamento com as claques ainda está por definir, mas que é necessária uma análise sobre as perdas de valor na bilhética.

"A relação com as claque está por definir. Há uma análise forense que eu tenho obrigatoriamente de fazer à bilhética, porque há perdas de valor. Não quer dizer que seja só relacionada com os Grupos Organizados de Adeptos. Pode estar relacionada com ineficácia operacional relativamente a uso de bases de dados, etc. São protocolos a rever, a estabelecer, a respeitar. Eu também gritei muito pelo FC Porto na Superior Sul. Sei o que é que é passar um jogo a cantar. Respeito. Sei o bom trabalho que eles fazem nas deslocações e em casa. Tendo em conta a distância pontual que o FC Porto tem atualmente, têm-se mostrado unidos a favor da equipa. Agora, vamos sentar com as duas claques para definir que não haja benefícios que ultrapassem os direitos de qualquer sócio, adepto ou simpatizante normal do FC Porto", concluiu.