O Estoril já reagiu aos incidentes verificados no domingo, no empate 2-2 no terreno do GD Chaves, na 30.ª jornada da I Liga. Em comunicado publicado no seu site oficial, o emblema da Linha considera "incompreensível e inaceitável" que o árbitro não tenha terminado o jogo, após a invasão de campo por parte de alguns adeptos flavienses e sublinha que "uma equipa beneficiou e o agressor foi quem obteve vantagem".

No comunicado, o clube garante que "comunicou ao árbitro a situação de insegurança sentida pelos seus jogadores e equipa técnica, solicitando que desse o jogo por concluído, por entender que os atletas já não estavam em condições mentais e anímicas de voltar a competir".

Escreve ainda os canarinhos que "mesmo após a decisão do árbitro de retomar a partida, continuaram os arremessos de objectos para dentro do campo, comprovando que não estavam reunidas as condições de segurança necessárias. As forças de segurança são responsáveis pela segurança do terreno de jogo, mas é o árbitro quem decide sobre o estado anímico dos jogadores", recorda o clube.

Na sequência dos desacatos, dois jogadores do Estoril, o guarda-redes Marcelo Carné e o central Pedro Álvaro foram expulsos por responderem às agressões dos adeptos.

A PSP identificou um jogador por suspeita de crime de ofensa à integridade física. Foram detidos seis cidadãos, designadamente quatro homens e duas mulheres, com idades compreendidas entre os 30 e os 60 anos, por suspeita da prática do crime de invasão da área do espetáculo desportivo.

Eis o comunicado do Estoril

"A todo o Futebol Português,

O Estoril Praia é um Clube com valores, orgulhoso de competir na Liga Betclic, um Campeonato moderno, profissional e prestigiado. O Estoril acredita nos valores do desporto, do fair play e da justiça desportiva.

O futebol profissional deve dar o exemplo ao futebol não profissional sobre quais são as melhores práticas e comportamentos a serem adotados, e não o contrário. Este fim-de-semana, numa divisão distrital, um jogador foi agredido por um indivíduo que assistia ao encontro e, apesar de ainda faltar bastante tempo regulamentar, foi tomada a decisão de interromper imediatamente o jogo. Na Liga Betclic aconteceu o mesmo, mas decidiu-se retomar a partida. Uma equipa beneficiou e o agressor foi quem obteve vantagem.

Perante a gravidade dos factos, o Estoril Praia considera incompreensível e inaceitável que não se tenha dado o jogo por terminado de forma definitiva. O Estoril comunicou ao árbitro a situação de insegurança sentida pelos seus jogadores e equipa técnica, solicitando que desse o jogo por concluído, por entender que os atletas já não estavam em condições mentais e anímicas de voltar a competir. Mesmo após a decisão do árbitro de retomar a partida, continuaram os arremessos de objectos para dentro do campo, comprovando que não estavam reunidas as condições de segurança necessárias. As forças de segurança são responsáveis pela segurança do terreno de jogo, mas é o árbitro quem decide sobre o estado anímico dos jogadores, tal como aconteceu recentemente no jogo da Serie A italiana entre Udinese e Roma em abril de 2024, quando o árbitro decidiu suspender definitivamente a partida após um defesa da Roma desmaiar em campo aos 70 minutos de jogo, entendendo que os jogadores não estavam emocionalmente aptos a continuar. Permitir a continuação da partida trouxe um enorme prejuízo desportivo ao Estoril e à competição, representando um sinal errado de que atos de violência podem ser tolerados em campo.

O Estoril Praia está a tomar medidas legais para que seja feita justiça pela defesa dos seus atletas, dos seus elementos, e também pelo melhor interesse do futebol profissional português. A capacidade de decisão e reação de todos os envolvidos nas competições profissionais tem de ser implacável.

Acima de tudo, o Estoril Praia procura justiça e a defesa do Futebol Profissional em Portugal. O episódio gravíssimo que ocorreu em Chaves é consequência da falta de sensibilidade e de força para serem tomadas as melhores decisões em defesa do espetáculo e da verdade desportiva.

Gostaríamos de agradecer a todos aqueles que demonstraram solidariedade e palavras de apreço para com o Estoril e os nossos jogadores neste momento difícil, não só para nós, mas para todo o futebol português."

Uma invasão de campo quando decorria o período de descontos do jogo de domingo entre o Desportivo de Chaves e o Estoril Praia, da 30.ª jornada da I Liga de futebol, disputado em Chaves, resultou em desacatos e agressões entre adeptos flavienses e jogadores do Estoril Praia, com o guarda-redes Marcelo Carné e Pedro Álvaro a verem o vermelho direto.

Após uma paragem de cerca de 20 minutos, o jogo foi retomado, com a equipa da casa a chegar ao 2-2 com um golo aos 90+20 minutos, por intermédio de Morim, quando na baliza do Estoril Praia o avançado João Carlos assumia a posição de guarda-redes.

A equipa da casa marcou primeiro, por intermédio de João Correia, aos 32 minutos, mas os estorilistas adiantaram-se, com golos de Basso (58) e Fabrício (71), cedendo o empate depois do reinício do encontro.

“Depois de verificadas as condições de segurança no interior e exterior do recinto desportivo e estando estas garantidas pela PSP, pelas 17:40 o jogo reiniciou, não existindo até ao final do mesmo qualquer outra situação criminal ou de alteração da ordem pública”, conclui a PSP, apelando “a todos os adeptos de futebol que digam não à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância em todo e qualquer ambiente, incluindo em contexto desportivo”.