“Got Talent” é um conceito de um famoso programa de televisão de sucesso mundial, e é na base deste formato que muitos clubes de futebol trabalham. Num mercado de preços inflacionados, o objetivo é detetar bem cedo aqueles que um dia poderão garantir o futuro dos clubes.

A época 2012/13 ficou marcada por alguns jovens que começaram a dar os seus primeiros passos nas equipas profissionais e que prometem dar que falar.

Bruma, a jóia de África

O jovem extremo chegou com apenas 13 anos, na época 2007/2008, à Academia do Sporting vindo do União Desportiva Internacional de Bissau. Mostrou ser um talento puro bem cedo, o que lhe valeu ir queimando etapas ao longo do seu percurso. Sinónimo disso mesmo foi ter sido o mais jovem jogador do Europeu sub-17 em 2010 disputado no Liechtenstein quando, já naturalizado português, atuou pela seleção portuguesa. Nesse mesmo ano recebeu o Prémio Stromp Academia Sporting.

O talento estava lá. Muita técnica, velocidade, um instinto concretizador e um individualismo característico da idade. Pedia-se tempo para o lançar em voos mais altos. No início de 2012, Sá Pinto, que o conhecia dos juniores, levou-o para a pré-época da equipa principal, mas preferiu deixá-lo crescer na formação secundária. Nada que abalasse Bruma que respondeu com sete golos.

Com a entrada de Jesualdo Ferreira em cena, e a existência de um Sporting à deriva, a política do clube passou a ser: dar uma oportunidade aos jovens valores que brilhavam na Segunda Liga. Bruma de 18 anos recebeu a tão esperada promoção. Estreou-se à 18ª jornada como titular frente ao Marítimo e a partir da 25ª ronda conquistou um lugar no onze inIcial por direito próprio. Os tubarões do futebol estão de olho nele, falta saber se o Sporting conseguirá segurar e blindar esta jóia vinda de África.

Atsu, um jogador com “gana style”

Depois de uma temporada de empréstimo no Rio Ave, o extremo de 21 anos regressou à casa de partida onde lhe foram dadas oportunidades. Entrou a todo o gás na equipa de Vítor Pereira. Iniciou a época como titular no encontro da Supertaça frente a Académica e foi alternando essa condição com a de suplente utilizado nos jogos seguintes. Porém só em outubro, numa partida com o Santa Eulália, a contar para a Taça de Portugal, o ganês teve a chance de cumprir pela primeira vez os 90 minutos.

A sua cotação no mercado internacional subiu com a sua participação na Taça das Nações Africanas, onde fez seis jogos pelo Gana. Mostrava boa técnica, velocidade, e bom entendimento com os colegas.

Isso não lhe concedeu contudo, no regresso, mais espaço no onze titular dos azuis-e-brancos, bem pelo contrário. Até final da época foi apenas titular por quatro vezes, e numa deles foi traído por uma lesão que o obrigou a sair aos 10 minutos do relvado (FC Porto 1-1 Marítimo). Desapareceu aos poucos da equipa e até dos convocados, caso do recente clássico com o Benfica.

A isso não é indiferente o facto de o seu processo de renovação estar congelado, e de se falar do interesse de clubes ingleses  (Everton e Tottenham) na sua contratação. Não deixa de ser uma das revelações deste campeonato.

Ricardo,  um jogador de “berço”

O treinador Rui Vitória viu-se a braços com uma crise financeira no Vitória de Guimarães que o obrigou a olhar para a equipa B em busca de reforços internos, enquanto no plantel principal se assistia a uma debandada. Ricardo de 19 anos, que cumpriu a maior parte da sua formação no Sporting, foi um dos promovidos pelo técnico nesta nova política. Não precisou do tal período de adaptação, uma vez que já conhecia a casa e a camisola que iria envergar, pois tinha sido contratado para os juniores. Depressa agarrou a oportunidade e justificou um lugar como titular. Fez um total de 36 jogos em todas competições e marcou sete golos. Talento tem e margem de progressão também, o que não surpreende a movimentação rápida do FC Porto para o contratar ainda durante a época. Os cofres do Vitória agradecem e o jogador também.

André Gomes, o pequeno entre os grandes

De dispensado da formação do FC Porto a promessa do Benfica. O jovem médio teve um percurso atribulado marcado pela perseverança para chegar onde está hoje com apenas 19 anos. Começou a época na equipa B de Norton Matos, mas meses depois já estava em Camp Nou como titular da formação principal, e não passou muito tempo até ser chamado por Paulo Bento para um jogo amigável com o Equador. André Gomes pode jogar como médio mais recuado com preocupações maioritariamente defensivas ou então como segundo médio em que assume um papel que se estende à construção de jogo.

Jorge Jesus reconhece-lhe algumas carências posicionais, mas considera que dentro de pouco tempo se irá afirmar no clube. Falta saber se a palavra do treinador se cumprirá. O médio participou, esta temporada, em 17 jogos na equipa principal.

A juntar a este quatro jogadores, outros nomes marcaram de uma forma ou de outra o campeonato: Filipe Augusto (Rio Ave), Oblak (Rio Ave), Tiago Rodrigues (V. Guimarães), Dier (Sporting) e Kelvin (FC Porto).