O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) revelou hoje a sua preocupação com a possível proibição da partilha de passes de futebolistas com terceiros que, segundo Mário Figueiredo, será uma tragédia para a modalidade em Portugal.
«Se se proibirem totalmente fundos de investimento vai ser uma tragédia, vão matar o futebol português tal como o conhecemos hoje em dia, com a competitividade atual e com a capacidade para formar jogadores», afirmou Mário Figueiredo, em declarações à agência Lusa.
Realçando a importância da questão, o presidente da LPFP apelou a que todos os «agentes da modalidade tomem uma posição clara e inequívoca».
«Eu desafio a Federação Portuguesa de Futebol, que é a interlocutora dos clubes portugueses junto da UEFA, para tomar uma posição, se é contra, a favor ou se é a favor do sistema como a LPFP defende, com regras de transparência e que a assuma publicamente», reiterou, acrescentando a necessidade de fazer “lobby” com as várias Ligas que podem «combater a violência do proibicionismo».
O presidente da LPFP recordou que a «proibição da posse de direitos económicos por terceiros apareceu em Inglaterra devido a um caso que foi muito discutido, que foi o caso Tevez-Mascherano, que foi muito estranho devido à influência de terceiros sobre um clube e sobre um jogador».
«O futebol inglês teve este caso muito grave, a Liga inglesa é a mais poderosa do Mundo em várias vertentes e, portanto, preocupados com a integridade das competições decidiram cortar o mal pela raiz», frisou Mário Figueiredo, considerando que esta decisão foi «prejudicial» para clubes ingleses, porque «têm de pagar a totalidade do passe de um jogador».
Apesar de «terem dinheiro de sobra para fazer isso», os clubes ingleses observaram que «nomeadamente os clubes portugueses, com muito menos recursos, conseguem aparecer nas competições europeias e a fazer uns brilharetes».
«Começaram a achar que havia uma espécie de concorrência desleal», sublinhou Mário Figueiredo, justificando o pedido de ingleses e franceses para que «a UEFA banisse totalmente a participação de terceiros no investimento de passe de jogadores».
Além de considerar que esta proibição «viola as normas do direito comunitário», o presidente da LPFP considera que a partilha dos direitos de jogadores põe tanto em causa a «integridade das competições» como a possibilidade de «um clube inglês poder ser detido por uma única pessoa», salientando que «apesar de ser criticável, em Portugal nunca se criticou este facto».
«Nós estamos a falar de questões culturais. Enquanto os ingleses não veem problema nenhum que um estrangeiro compre um clube de futebol inteiro e, todos os anos, com maior ou menor diversão, invista lá 100 ou 200 milhões de euros porque lhe apraz – acho que é uma espécie de doping financeiro porque estão a viver condições que outras Ligas não têm – e, depois, critiquem as outras por ter fundos que investem nos jogadores. Sobretudo, porque foram eles que se colocaram na posição do proibicionismo. Se se colocaram mal, recuam», rematou.
Porque, para «uma Liga formadora de talentos como a portuguesa», de «bens transacionáveis» – porque «descobre, forma e vende jogadores» para «as Ligas mais ricas» –, é «normal que tenham começado a surgir interessados, investidores».
«Isso é fruto do ótimo trabalho que os clubes profissionais em Portugal fazem, por vezes com ajuda de investidores, porque não somos um país rico», vincou.
Mário Figueiredo assegurou que tem defendido «intransigentemente» esta posição em vários fóruns, que já terá levado à compreensão de alguns «opositores», e proposto «manter as coisas boas do investimento feito por terceiros em jogadores e introduzindo regras que confiram transparência e integridade no sistema», dando como exemplo a identificação dos acionistas das empresas e o conhecimento da proveniência dos capitais.