Numa entrevista concedida aos três diários desportivos, o presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt, defende a continuidade do treinador Paulo Bento, assume que o orçamento do futebol é curto para a luta pelo título e destaca a importância da assembleia-geral para nivelar a concorrência e diminuir o passivo.

A equipa de futebol do Sporting teve um início de época atribulado, com alguns resultados negativos e exibições que não convenceram sócios e adeptos. O treinador Paulo Bento tornou-se no alvo da fúria dos adeptos, que, em pouco tempo, se esqueceram do trabalho desenvolvido pelo técnico.

Para o presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt, "Paulo Bento não sairá do Sporting pela porta pequena", considerando que, "Mudar de treinador seria uma solução demagógica, populista e ineficaz. Era um paliativo, quando há questões estruturais na origem desta tensão”.

O líder leonino relembra o trabalho sólido e pragmático que tem sido desenvolvido ao longo do tempo pelo técnico e que assegurou uma presença continua na Liga dos Campeões, "É o segundo treinador com mais longevidade no Sporting, só suplantado por Szabo. Já atingiu várias metas e recordes. E tem uma participação directa no facto de o Sporting ter a cabeça fora de água. São três Ligas dos Campeões seguidas, com a primeira participação nos oitavos-de-final. É a venda do Nani. Não ganhando um campeonato, teve prestações honrosas, fez melhor que muitos, com muito menos gastos".
Em relação ao orçamento da equipa de futebol profissional do Sporting, Bettencourt assume que é curto, em comparação com os seus directos rivais, e revela que é menos do que o clube gastava em 2002.

O Sporting gasta cerca de vinte e cinco milhões de euros com o futebol. Os principais concorrentes gastaram 40 milhões de euros e para o Presidente do Sporting, "É pouco para sermos campeões, porque fica muito longe dos 40 que gastam os outros candidatos, mas muito para ficarmos em terceiro lugar, porque quem vem abaixo de nós gasta apenas seis ou sete", disse José Eduardo Bettencourt na véspera da Assembleia Geral destinada a aprovar o plano de reestruturação financeira que pode deixar a SAD leonina um pouco mais desafogada. "A partição do que podemos gastar é a opção de gestão que se nos coloca" finalizou.

Caso o plano não seja aprovado em AG, o líder leonino admite que será necessário apertar o cinto, "Temos de viver com aquilo que podemos, mas é utópico pensar gastar menos com o futebol. Porque mesmo aqueles que, como eu, se fizeram do Sporting também pelo sucesso das modalidades estão hoje dependentes de vitórias no futebol. O futebol tem de ter condições para viver. Um clube como o Sporting precisará sempre de vender. Até em Inglaterra já há quem venda e não compre, porque isto não pode viver só dos 'sheiks'. O negócio do futebol começa a cheirar a barril de pólvora e estamos a queimar os últimos cartuxos"