Em declarações a propósito do seu novo livro "Filosofia do Futebol", que é lançado quinta-feira, Manuel Sérgio afirmou que nele discute a modalidade na perspectiva filosófica de que "tudo é susceptível de ser questionado e não se aceita o aparente".

"Como estamos num tempo de grande desenvolvimento científico, a filosofia ocupou-se das ciências e criei uma ciência humana nova, a ciência da motricidade humana, de que o desporto é uma das disciplinas", sublinhou o autor.

Manuel Sérgio dedica o livro a quatro treinadores, José Maria Pedroto e Jorge Jesus, com quem conversou muito - o segundo quando foi treinador do Belenenses -, José Mourinho, seu antigo aluno, e o brasileiro João Paulo Medina, que foi seu colega como professor numa universidade de São Paulo na década de 80.

O autor observou que "a ciência da motricidade humana diz que a parte científica do desporto está no todo e não apenas no físico".

Defende "um treino integrado em que tudo está em rede, o físico, o técnico, o táctico, o psicológico e, até, o social", aquilo a que anteriormente chamava "treino integrado" e hoje chama "método da complexidade, uma formulação extraída de Edgar Morin".

Em relação às qualidades que deve ter um treinador, este antigo deputado e ex-presidente do Partido da Solidariedade sublinhou que "não basta um treinador ter saber do ponto de vista intelectual, é preciso ter qualidades de liderança e saber comunicar, não chega estudar e saber muito de futebol".

"Antes do treino [o treinador] deve perguntar-se que tipo de pessoa quer que nasça do treino", sublinhou Manuel Sérgio, observando que "o génio tem de estar nos jogadores e o treinador ajuda a que o génio se desenvolva".

Na sua obra, o autor questiona porque não tem o filósofo presença no departamento de futebol, como um adjunto do treinador que faz "a intersecção dos vários saberes dialogando com todos eles".

Manuel Sérgio publicou já 38 livros, "produto da investigação nestas áreas", dos quais seis em co-autoria com outras pessoas.