O ex-treinador leonino tomou a decisão de abandonar o cargo após o jogo com o Marítimo, em casa, que ficou empatado a um golo.

“Aquilo que o jogo com o Marítimo trouxe foi a definitiva convicção de que estava na altura de dar o lugar a outro. No dia a seguir decidi. Depois de falar com família e com a equpa técnica e de desabafar com o Rui [Jorge]. Todos me ouviram ninguém me tentou demover. Espero que tenha sido uma decisão que ajude o Sporting a chegar aos seus objectivos”, explica.

O jogo com os insulares foi só a gota de água e admite que sentia que não era o maior problema na equipa de Alvalade. Aliás, assume que “estava claro o objectivo de terminar a temporada no Sporting”.
“Embora considerasse que não era o único problema e nem sequer o principal problema, tinha porém uma certeza: já não era a solução. E para libertar os jogadores para que eles expressassem melhor as suas qualidades, para libertar a administração e a direcção a fazerem outras coisas, achei que era minha obrigação por o lugar à disposição”, admite.

Além disso, Paulo Bento assume que “tomaria a decisão fosse quem fosse o presidente”, apesar de todos os votos de confiança de José Eduardo Bettencourt, a quem agradece.

“O presidente deu-me um sinal de confiança, reflexo da crença num trabalhjo que ele conhecia e pretendia continuar em condições muito idênticas em termos financeiros, mas simultaneamente com outras condicionates. Não entendi a expressa [Paulo bento forever] como uma manifestação eleitoral”, explica, acrescentando que mantinha uma relação de “respeito e admiração” também por Filipe Soares Franco.

Destes quatro anos e quatro meses, Paulo Bento lamenta, acima de tudo, a derrota pesada frente ao Bayern de Munique, na época passada em jogos da Taça UEFA, actual Liga Europa.
“Houve uma humilhação: a derrota com o Bayern. E não ter sido campeão. Estes quatro meses não afectam a minha ainda curta carreira. Nunca sairei pela porta pequena de qualquer clube porque não vou mudar. Serei sempre como sou”, assume.

Sobre Carlos Carvalhal, seu predecessor, Paulo Bento não se adianta muito, mas confessa que já falaram.
“Já falei com ele. Houve um pedido e mostrei toda a disponibilidade para trocarmos impressões sobre o Sporting. O que posso dizer é que é um treinador com experiência na primeira divisão, já ganhou uma competição com o Vitória de Setúbal e à custa do Sporting foi finalista da Taça de Portugal, disputou a Supertaça e fez um trabalho extraordinário em Setúbal e em Matosinhos. Tem agora a oportunidade num clube grande”, disse.

Agora, Paulo bento não pensa voltar tão cedo ao lugar de treinador, querendo dedicar tempo à família, algo que não conseguiu nos últimos 20 anos.

“Quero treinar. Não de imediato, e quando digo isso, é porque não tenho essa perspectiva, pois nunca se sabe o que pode acontecer. Quero descansar, foram 20 anos sem parar. A treinar será no início da próxima época”, sublinha.

O facto de ter estado num grande do futebol português não o impede de aceitar convites de outros clubes, desde que “o projecto seja aliciante”.

“Há clubes que oferecem boas condições para se fazerem bons trabalhos, tendo outros objectivos. Por isso, não vivo obcecado com isso de ter de sair para um patamar igual ou superior”, sublinha.

Ao Sporting não pensa regressar, “foram nove anos e meio, numa década em que se ganhou muito” e quanto a convites de outros grandes do futebol nacional, não fecha a porta.
“Saí do Sporting com a mesma liberdade e independência com que entrei. Apresentei a minha demissão e sou livre”, finaliza.