Domingo, na 14.ª jornada da Liga, a equipa portuense regressa ao Estádio da Luz com um ponto de desvantagem e o treinador "encarnado", Jorge Jesus, poderá reeditar o sucesso e ver a "candeia" alumiar quatro pontos mais à frente dos rivais, caso triunfe, ou ver a "chama" do título de volta às mãos do tetracampeão, se perder.

"Íamos na frente, numa luta com um FC Porto forte e um Sporting também muito forte, que se prolongou até às últimas jornadas e ao famoso 6-3. Conseguimos ganhar (2-0), já na segunda volta, e praticamente encostámos o FC Porto. Passámos de quatro para seis pontos de vantagem", lembrou Toni, em entrevista à Agência Lusa.

O treinador de 63 anos, com três passagens como técnico principal do Benfica e 13 épocas como jogador, destacou os "muitos problemas" vividos pelo grupo de trabalho, sobretudo no início da temporada, mas ultrapassados por se tratar de "uma grande equipa".

Em 06 de Fevereiro de 1994, no antigo Estádio da Luz e com as vitórias ainda a valerem dois pontos, o Benfica aumentou a diferença para o FC Porto, graças a dois golos sem resposta, apontados pelo brasileiro Ailton e pelo antigo "numero 10" , Rui Costa, agora recovertido em "nº1" do futebol "encarnado".

Aos 37 minutos daquela partida da 18.ª jornada, o sueco Schwarz assistiu Ailton para o 1-0 e, pouco antes do intervalo, o defesa central portista Fernando Couto foi expulso pelo árbitro Veiga Trigo por agredir o brasileiro Mozer com um cotovelo. Com 10 elementos, os "dragões" sofreram o segundo golo aos 55 minutos, num remate do então jovem "maestro", Rui Costa, servido por Vítor Paneira.

"O jogo ficou marcado pela expulsão do Fernando Couto, na altura o 'enfant terrible', com todo aquele sangue na guelra. Bobby Robson (treinador do FC Porto) depois disse que foi Mozer, 2, FC Porto ou Fernando Couto, 0", continuou Toni.

O técnico perspectiva o próximo "clássico" com "contornos diferentes" porque "não afasta nenhum dos intervenientes", em caso de derrota, apesar da "crispação, se calhar até maior do que na altura".

"Os quartéis-generais estão neste momento a preparar o jogo, com todos os pormenores do adversário. Nestes casos, é importante coarctar a ansiedade que os jogadores transportam para estes jogos e passar para dentro do grupo serenidade e tranquilidade", aconselhou.

Apesar de o seu amigo e ex-adjunto no Benfica, Jesualdo Ferreira, agora no FC Porto, ter um aspecto mais sereno e uma personalidade "sisuda", Toni considera que o plantel "encarnado" já se adaptou ao estilo mais efusivo de Jesus.

"Os jogadores vão-se adaptando aos movimentos contínuos do treinador ao longo da área técnica. O Jesualdo, também já não tem tanto aquela cara de que todos lhe deviam e ninguém lhe pagava, tem por trás disso competência. Nos quatro anos de Porto, tem refeito equipas atrás de equipas. Jesus, um estudioso do futebol, conseguiu uma fase boa que o Benfica há muito não vivia e transmite muita confiança aos jogadores", concluiu.

Desde a época 1989/90, só noutras duas ocasiões os "encarnados" jogaram o "clássico" em Lisboa com mais pontos que os portistas, mas o italiano Giovanni Trapattoni viu a sua equipa derrotada (1-0), na última conquista nacional benfiquista (2004/05), e a equipa orientada pelo sueco Sven Goran-Eriksson, co-adjuvado por Toni, empatou sem golos, precisamente há 20 anos.

Em 17 de Outubro de 2004, na sexta ronda do campeonato, o Benfica tinha uma vantagem de quatro pontos sobre os rivais nortenhos, mas foi batido, já na "Nova Catedral", com um único golo do sul-africano McCarthy, apontado aos 10 minutos.

Na outra recepção dos lisboetas aos "azuis-e-brancos" em situação de vantagem classificativa nas últimas duas décadas, o Benfica contava com mais seis pontos que o FC Porto antes da 23ª ronda, disputada em 11 de Março de 1990, e a partida terminou com 0-0.

Contudo, o FC Porto conseguiu alcançar o título de 1989/90, com quatro pontos de vantagem sobre as "águias", embora os lisboetas tenham chegado à final da Taça dos Campeões Europeus, perdida para o AC Milan (1-0), ao contrário do sucedido em 2005, quando o Benfica foi novamente campeão depois de um "jejum" de 11 anos, com mais três pontos que os "dragões".