Pimenta Machado reuniu hoje com o vice-presidente da área financeira, João Cardoso, tendo sido recebido na sede do clube por várias dezenas de adeptos com muitas palmas, e no final disse ter ficado preocupado com a situação do clube, mas manifestou disponibilidade para candidatar-se.

“O Vitória está sem liquidez e não tem dinheiro para fazer face aos compromissos que tem, sobretudo até Junho, porque as despesas são manifestamente superiores às receitas. É uma situação muito preocupante. Agora vou ver com mais cuidado os números e vou decidir até quarta ou quinta-feira”, afirmou.

Pimenta Machado destacou a actual dívida à banca e comparou-a com a do seus mandatos - “quando saí devíamos zero à banca, neste momento estão cerca de seis milhões de euros da banca aqui no Vitória e isso vai ter que se pagar, e seis milhões no orçamento do Vitória é muitíssimo”, apontou.

No entanto, disse-se “disponível” para ser candidato: “Este clube diz-me muito. Se estamos aqui, no complexo, ou no estádio, eu tenho uma parte muito grande nessas realizações e isso toca-me no plano afectivo”.

Contudo, acrescentou não poder “descurar o aspecto racional”, pelo que adiou qualquer posição: “Vamos ver se posso fazer uma simbiose boa para tomar a posição que eu quero e que muitos sócios também quererão”.

Perante a insistência dos jornalistas, soltou: “É possível que me candidate, em termos percentuais está mais para isso, é capaz de andar pelos 75 por cento”, disse, revelando, contudo, uma dificuldade, a “renitência” da família em voltar para Guimarães.

O antigo dirigente, presidente do Vitória durante 24 anos, disse ainda que “o Vitória não pode ser de uma facção” e que “tem de ser um projecto comunitário, de toda a gente, um projecto global, da cidade, para ultrapassar esta situação financeira muito complicada”.

Pimenta Machado anotou ainda com “mágoa e tristeza que o Vitória de Guimarães não seja o primeiro clube do Minho: na minha altura era e claramente”.

“Em 24 anos, o Braga ficou acima de nós três ou quatro vezes. Éramos o quarto clube em presenças contínuas na primeira divisão. Como descemos, deixamos de o ser. É com tristeza que vejo a perca desses dois ‘títulos’”, lamentou.

Num discurso mais parecido com o de um candidato, Pimenta Machado disse ainda que o Vitória de Guimarães “tem de recuperar financeiramente” e de inverter a atual gestão do futebol.

“Tem de fazer uma prospecção de jogadores porque não tem activos neste momento. Os bons jogadores estão a sair de borla. É uma péssima gestão de activos deixar sair o Sereno como saiu, incompatibilizado com a direcção por ela não lhe ter melhorado o contrato, ou deixar sair o Andrezinho e o Desmarets a custo zero”, concluiu.

As candidaturas para as eleições do Vitória de Guimarães, a 20 de Março, têm de ser formalizadas até quinta-feira e, até agora, apenas o empresário Manuel Pinto Brasil se assumiu como candidato.