Repetindo várias vezes que “não merecia ser criticado”, como alegadamente terá acontecido durante a sua sucessão na presidência do clube, Hernâni Silva começou por desafiar a actual direcção a explicar a situação do clube, à semelhança do que fez há quatro anos.

“Depois de se saber a situação do clube, qualquer sócio fica mais à vontade para, se quiser, ser candidato”, justificou Hernâni Silva, acrescentando que “um clube sólido e sem problemas pode ser apetecível”.

O presidente Fernando Sequeira garantiu que “o Paços de Ferreira está no bom caminho”, apesar de reconhecer tratar-se de “um caminho difícil”, e admitiu que, no final do exercício, dentro de dois meses, “o clube é governável”.

“Com tudo o que temos para receber e pagar, o clube é governável. Faltam dois meses e o valor (final) será mais baixo do que aquele que recebemos”, sustentou, acrescentando que, no caso de o direito de opção sobre o Ozeia ser exercido, haverá “mais um encaixe interessante”.

E, em relação ao plantel, Sequeira, que conduziu o clube à final da Taça de Portugal e duas vezes às competições europeias, precisou que “grande parte da equipa tem contrato para o ano”, admitindo que “o clube está mal é nos centrais”.

Não satisfeito com as respostas, Hernâni Silva voltou à carga e perguntou: “Como é que este clube é sustentável quando vende 12 jogadores, mais o treinador, e não tem saldo positivo, não se fez obras e se gastou o que gastou?”.

Desafiando os cerca de 100 associados presentes na Biblioteca Municipal de Paços de Ferreira a desmentirem-no, o antigo dirigente disse ter dados que apontam para gastos anuais na ordem dos cinco milhões de euros por época, perfazendo “19 a 20 milhões de euros nos últimos quatro anos”.

“Não estou a meter medo à assembleia, mas esta é a realidade e as verdades têm de ser ditas”, sublinhou.

Hernâni Silva, que não confirmou ou desmentiu se é candidato, admitiu também ter gasto “dinheiro mal gasto” na sua gestão, embora, segundo garantiu, nunca tenha ultrapassado os três milhões de euros por época, além de ter deixado “obra” e “muito activo”.

A excepção foi a herança de mais de 300 mil euros de saldo negativo, bem acima dos cerca de 100 mil que Hernâni Silva dissera a Fernando Sequeira no momento de deixar o clube e cuja divulgação pública o terá melindrado, motivando esta troca de “desabafos” de dois “amigos”, como ambos o repetiram.

“Saio de consciência tranquila, e só tenho a dizer bem de todos, mas frustrado por não ter feito mais. E essa angústia é uma das razões de sair”, argumentou Sequeira, garantindo nunca ter tido intenção de “achincalhar” Hernâni Silva, a quem pediu desculpa debaixo de uma forte ovação.

E, em relação aos custos, Sequeira esclareceu: “Admitimos que, se calhar, temos mais jogadores do que devíamos, mas a carga fiscal hoje é muito diferente e, se calhar, no primeiro ano, havia até ordenados mais elevados”.

“Queremos é união, dedicação, paixão e, claro, rigor, para levarmos este clube apara a frente”, concluiu Fernando Sequeira.

No encerramento da AG, os associados presentes votaram por unanimidade a marcação do ato eleitoral para as 20:00 de 14 de Maio, dois dias depois da data inicialmente sugerida e uma semana depois da apresentação de listas, o que deverá acontecer até às 18:00 do dia 07 de Maio.