Toda a Rua Ferry (ou Portugal Avenue) está praticamente paralisada devido à enorme afluência de carros cobertos de bandeiras ou cachecóis, buzinando incessantemente ou reproduzindo na estereofonia alguns dos hinos do clube lisboeta, de vidros abertos para o exterior.

É a meio da rua Ferry que está concentrada uma pequena multidão, agitando cachecóis e bandeiras vermelhas e brancas e incitando os carros e motos que passam, alguns fazendo derrapagens enquanto se grita “viva o Benfica”, e se ouvem as batidas e melodias das canções benfiquistas.

De bicicleta decorada com as cores do clube lisboeta e com fotos lembrando até o falecido jogador Miki Feher, um adepto idoso tornou-se centro das atenções, muitos tirando fotos e aplaudindo. Nas da camisola vermelha podia ler-se a branco “Benfica the Glorioso”.

Alguns decoraram os automóveis a preceito, pintando símbolos do Benfica no capot e escrevendo nos vidros “Benfica Campeão 2009-2010”.

“O meu pai e o meu irmão estão no Estádio da Luz”, gritava para os amigos uma adolescente, de lágrimas nos olhos, ao desligar o telemóvel.

Num aparente fechar de olhos, não era visível nas ruas nenhum elemento da polícia desta grande comunidade luso-americana.

Perante a exaltação geral, alguns norte-americanos inquietavam-se e perguntavam o motivo. Outros entravam mesmo na festa, gritando Benfica e tirando fotos, visivelmente divertidos.

A rua Ferry tornou-se ponto de confluência para os dois aglomerados onde se assistiu o jogo: a casa do Sport Newark e Benfica, numa ponta, e o Sport Clube Português, noutra, onde havia também alguns portistas a torcer pelo Braga.

Dentro de uma sala do clube, alguns dos mais velhos jogavam indiferentemente às cartas, por não se tratar do seu clube e, noutros casos, por não seguirem o futebol.
Para António Barbosa é hora de cumprir a promessa - “pagar as quotas do Benfica” - e também de dar os parabéns ao segundo classificado.

“Temos pena deles, foi uma boa época, gostava que fosse o Braga campeão, se não fosse o Benfica”, afirmava o jovem adepto.

Com alguns portistas a assistir ao jogo no Sport Clube, a troca de “galhardetes” durou todos os 90 minutos do jogo, mas sempre em boa disposição, até que as gargantas se soltaram quando o árbitro apitou para o final do jogo e se começou a ouvir “todos para a Ferry Street”.

“É de cinco em cinco anos, mas sabe ainda melhor”, exclamava outro adepto à porta do Sport Clube Português.