Excepção feita a Quim e Luisão, mais ninguém sobreviveu da equipa habitualmente titular em 2004/05. Nuno Gomes não é opção regular para Jorge Jesus e os restantes jogadores já não fazem parte do plantel encarnado.

Aos comandos está agora um português, Jorge Jesus, depois do consulado de Giovanni Trapattoni no último título. No relvado, a qualidade e quantidade de opções ao dispor de Jesus é inquestionavelmente superior.

Em 2004/05, o Benfica beneficiou de uma surpreendente conjuntura adversa nos rivais que acabou por premiar a sua maior regularidade. Todavia, o título só ficou confirmado na última jornada, com um empate (1-1) no estádio do Bessa. De facto, numa prova que era ainda disputada a 34 jornadas, os registos são bem piores do que os actuais. Enquanto ‘Trap’ conseguiu fazer o Benfica campeão com 65 pontos (19 vitórias, 8 empates e 7 derrotas), Jorge Jesus já superou todos estes parâmetros. Situando o Benfica de Trapattoni no actual campeonato, os encarnados não iriam além do quarto lugar.

Outra diferença clara foi o nível exibido do princípio ao fim dos respectivos campeonatos. Em 2005, os encarnados aceleraram a meio da época para o título, com um ‘empurrão’ preponderante do reforço de Inverno Nuno Assis. Por outro lado, 2009/10 conheceu desde os seus primórdios um Benfica dominador, forte e goleador.

Em 2005, o Benfica terminou a prova com 51 golos marcados (2º melhor ataque) e 31 golos sofridos (4ª melhor defesa). Agora, o Benfica chegou ao fim com 78 tentos marcados e apenas 20 sofridos, ou seja, o melhor registo em todos os parâmetros de análise.

Um curioso ponto em comum entre as duas equipas campeãs foi o dobrar da primeira volta. O Benfica passou a primeira metade da Liga de 2004/05 em terceiro, mas com os mesmos pontos do líder Sporting (31 pontos). Cinco anos depois, os encarnados voltaram a não ser líderes, mas passaram em segundo lugar, com a mesma pontuação do líder Sporting de Braga (36).

E se em 2005, Simão funcionava quase como um ‘abono de família’, o Benfica de Jorge Jesus assenta na força colectiva, com especial brilho para a aliança sul-americana no ataque: Cardozo, Saviola, Di María e Aimar.

Onze 2004/05: Quim, Miguel, Luisão, Ricardo Rocha, Fyssas, Petit, Manuel Fernandes, Nuno Assis, Geovanni, Simão e Nuno Gomes

Onze 2009/10: Quim, Maxi Pereira, Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García, Ramires, Di María, Aimar, Saviola e Cardozo.