“Do ponto de vista desportivo, esta entrada de dinheiro (73 milhões de euros) vai colocar a Sporting SAD numa situação privilegiada em relação aos principais concorrentes”, declarou Hélder Varandas em declarações à Agência Lusa, ao comentar o plano de reestruturação financeira e recapitalização da sociedade, acordado pela entidade, o BES e o BCP.

O plano consiste, nomeadamente, na redução do capital social de 42 para 21 milhões de euros (diminuição do valor nominal da totalidade das acções de 2 para 1 euro), e no aumento desse mesmo capital em 18 milhões, subindo dos 21 para os 39 milhões (emissão de novas acções com o valor nominal de 1 euro).

Contempla ainda a emissão de Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC), até ao máximo de 55 milhões de euros (com o valor nominal de 1 euro), títulos estes que se transformam automaticamente em acções no final de cinco anos.

Para este especialista, “do ponto de vista financeiro, o benefício da operação é significativo” uma vez que o plano vai permitir a “entrada de 18 milhões de euros em dinheiro, mais 55 milhões de euros, também em dinheiro, através da emissão de obrigações (VMOC)”.

“Estas duas medidas resumem-se numa entrada de dinheiro, 73 milhões de euros no total, um activo financeiro importante, especialmente por se estar numa altura de crise”, considerou Hélder Varandas, especialista em assuntos financeiros ligados ao futebol.

Contabilisticamente, prosseguiu, o plano vai permitir também à Sporting SAD aumentar os seus capitais próprios, através da redução do capital em 21 milhões de euros (anulação dos prejuízos acumulados) e posterior aumento de capital, em 18 milhões de euros.

Por um lado, “com esta operação, a situação líquida do Balanço da Sporting SAD passa de um valor negativo (falência técnica) para um valor positivo”, por outro, “deixa também de estar abrangida pelo artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais”.

Essa situação, concluiu, “expunha a sociedade à possibilidade de poder ser dissolvida a pedido de, designadamente, credores e bancos", uma vez que, pelo efeito da acumulação de prejuízos, perdeu mais de metade dos seus capitais próprios.

A Sporting SAD convocou já uma assembleia-geral para 9 de Setembro para deliberar sobre as operações necessárias à aplicação do plano de reestruturação financeira e recapitalização do clube.