O sócio e ex-candidato à presidência do Sporting Paulo Cristóvão defendeu hoje que a actual direção “leonina” devia abandonar “se tem amor ao clube”, já que é responsável pela actual situação financeira.
“A actual direcção devia, em consciência, assumir que não tem capacidade de mobilização que se impõe a uma direcção. Esse seria o maior acto de amor ao clube: demitir-se e convocar eleições antecipadas”, defendeu à Agência Lusa o candidato derrotado nas eleições de 6 de Junho de 2009.
A SAD do Sporting apresentava no final de Junho, segundo o relatório e contas, um passivo que ascende a 173 milhões de euros, e, de acordo com a edição do Correio da Manhã de hoje, o clube deu como garantia dos empréstimos à banca os passes dos jogadores que ainda não detém.
“Foi feita uma aposta cega em pessoas que são brilhantes gestores nas suas carreiras pessoais e que chegam ao clube e desaprendem tudo e são autênticos merceeiros com lápis atrás da orelha e bloco na mão, a fazer negócios destes com a banca. Para ter juros de sete por cento, qualquer particular consegue melhor que isso. E hipotecar passes de jogadores que ainda não são do Sporting e já estão hipotecados não parece o melhor caminho”, desabafou.
Por tudo isto, Paulo Cristóvão considera que o clube tem três formas para a mudança de direcção, nomeadamente a convocação de uma Assembleia Geral em que se “discuta abertamente” os problemas do clube entre a direcção e sócios, esperar pelos “quase três anos” até ao final do mandato, ou a direcção demitir-se, no seu entendimento a solução mais viável.
Paulo Cristóvão avança aos sócios “leoninos” que, em caso de queda da direcção, não precisam de ficar preocupados pois o “poder do clube não cairá na rua”, garantindo que conhece sportinguistas “de reconhecido amor ao clube” que estão disponíveis para encabeçar “outro tipo de projecto, com outro tipo de características”.
“É uma pena o clube estar em falência técnica, completamente nas mãos da banca, como nunca esteve. E essa dependência aumentou com a actual presidência. Pior que tudo é a não existência de uma alavancagem futura, seja ela de mobilização de pessoas, mobilização de vendas, de sustentabilidade que permita no futuro sonhar com outras coisas”, considerou Paulo Cristóvão.
“São os sócios que suportam o clube por esse mundo fora. Há mais de uma década para cá que essa dita riqueza ficou para trás. Culminou noutro tipo de gestão no que levou ao que se passa, ou seja, um clube tecnicamente falido”, afirmou.
Paulo Cristóvão lembrou ainda que “nem nos 18 anos que o clube não ganhou títulos” os sócios estiveram “tão desmobilizados e afastados”, pois acreditavam que “quem geria o clube tinha capacidade para o fazer”.