Ferran Soriano, autor do livro “A bola não entra por acaso”, foi o convidado que inaugurou as conferências Liga Premium Talks, promovidas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional e que contou com a presença, entre outros, dos presidentes da Liga, Fernando Gomes, do Benfica, Luís Filipe Vieira, e do Sporting, José Eduardo Bettencourt, de Joaquim Oliveira (Controlinveste) e de Jorge Mendes (Gestifute).

Com uma visão do negócio futebol marcada pelos anos em que integrou a direcção do FC Barcelona, então presidida por Joan Laporta, Soriano explicou as estratégias que levaram o clube catalão à conquista da Liga dos Campeões em 2006, os erros que provocaram logo a seguir dois anos de insucesso, apontou caminhos para o futuro, sem esquecer a realidade e a escala do futebol e dos clubes portugueses.

Investir no futebol, alterar os contratos dos jogadores, “diminuindo a vertente fixa e criando uma variável quem em caso de sucesso desportivo era mais compensadora do que a remuneração que vigorava” e fazer “80 por cento das mudanças na estrutura no primeiro ano” foi a receita para inverter um ciclo de prejuízos acumulados e de anos sem títulos conquistados.

Nos grandes clubes, em que as estrelas recebem na ordem dos dez milhões de euros por ano, não é pelo dinheiro que se consegue a motivação para as vitórias, mas a remuneração variável tem o mérito de dividir os riscos com os jogadores: se houver títulos as receitas aumentam e os jogadores ganham mais, até porque Soriano destacou que “o futebol é a única indústria em que os empregados ganham mais do que o patrão”.

Em pouco tempo o FC Barcelona multiplicou os proveitos, sendo hoje, a par do rival Real Madrid e do Manchester United os clubes de futebol do Mundo que mais receitas geram, na ordem dos 400 milhões de euros anuais, e começou a ganhar, processo que culminou em 2006 com a conquista da Liga dos Campeões.

Depois de escalado o Everest do futebol, com a conquista da Champions, o FC Barcelona voltou a perder, curiosamente com a mesma equipa, com os mesmos jogadores. Segundo Ferran Soriano, isso aconteceu porque se perdeu o equilíbrio social da equipa e os directores, entre os quais o próprio Soriano, optaram pela “solução mais cómoda”, que foi não provocar nova ruptura – “a emoção condiciona a tomada de decisões”.

Para os clubes portugueses, oriundos de um mercado pequeno e com mais dificuldades em conseguirem uma afirmação global, Soriano recomenda uma aposta forte na marca, dando o exemplo dos mexicanos do Chivas, primeiro clube do Mundo a competir em dois países diferentes, com equipas diferentes, mas sob a mesma denominação (México e Estados Unidos), ou do Boca Juniors, da Argentina, que tem a força de uma marca global.

Em alternativa, recordou que os grandes clubes portugueses são vistos pelos principais emblemas da Europa como excelentes “clubes-teste” e apresentou como exemplo a actuação do FC Porto no mercado argentino: “O Porto comprou na Argentina, colocou-os na vitrina e depois vendeu-os com mais-valias. É um modelo de negócio possível”.

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