O incidente no dérbi lisboeta voltou a colocar na ordem do dia a questão da violência nos estádios. Segundo um «relatório da PSP os casos de violência aumentam. A estratégia não funciona», disse ao SAPO Desporto Pedro Faleiro da Silva, presidente da Associação de Adeptos Sportinguistas (ASS), que deu um exemplo escandinavo, onde adeptos ajudam a polícia.

«Na Noruega, onde há hooliganismo, que cá não há, são os adeptos organizados que fazem aulas de formação para a polícia», explicou, à margem da IV edição da conferência Pensar Sporting, acrescentando que «é uma forma de entender a cultura dos subgrupos, dos núcleos».

Pedro Faleiro da Silva sabe que para a realidade portuguesa esta «é uma situação utópica». Mas «a violência é só mais um problema», reforçou. O dirigente falou também da questão da proibição da pirotecnia nos estádios, lembrando que desde que foi interditada, entram mais tochas. Um pouco à semelhança do ditado "o fruto proibido é o mais apetecido"…

«Não sou contra o uso de tochas e outros materiais pirotécnicos, se isso for para dar cor ao espectáculo. Isso é feito em outros países da Europa. Temos de abordar a questão de uma forma diferente, chegar ao meio-termo. E deixo a questão: será que banir a pirotecnia não foi uma medida extrema demais?», frisou.

Na ordem do dia estiveram os incidentes do dérbi de dia 21 de Fevereiro na bancada sul, onde está a claque Juventude Leonina, com confrontos entre adeptos e PSP. No dia seguinte, o Sporting, através de comunicado, condenou a acção das autoridades, e Pedro Faleiro da Silva subscreve.

«Não querendo apontar o dedo, houve erros de parte a parte. Parece-me que a acção da PSP foi demasiado elevada. A bancada estava repleta, entraram repentinamente… Podia ter havido mortos – feridos houve. Não foi ponderado», sublinhou. «A PSP tem de ser preventiva».

Esta sexta-feira, também em declarações ao SAPO Desporto, o Comissário da PSP João Pestana explicou que «a policia é impotente para travar os adeptos violentos».

A Associação de Adeptos Sportinguistas – a única em Portugal -  solicitou, na semana passada, junto do Ministério da Administração Interna (MAI) uma audiência para apresentar propostas no que concerne à questão da segurança nos estádios e aguarda resposta.