João Loureiro, que presidiu ao Boavista entre 1997 e 2007, defendeu que o título nacional de futebol conquistado em 2000/01 «em vez de ser tido como um exemplo a seguir» transformou o clube num «alvo a abater».

João Loureiro atribuiu o segredo do título à «competência, vontade, profissionalismo e união entre todos» e recordou que «o Boavista na altura era um só», juntando «um pouco de sorte e audácia» a esses «ingredientes».

«Pensava, se calhar com alguma ingenuidade da minha parte, que a conquista do título podia ser tida como um exemplo a seguir por outros clubes com a dimensão semelhante à do Boavista, mas enganei-me», afirmou o ex-dirigente, em entrevista à agência Lusa.

Recordando a conquista de há 10 anos, João Loureiro reconheceu que o título “axadrezado” podia ter levado a alguma rotatividade e pôr cobro ao “fado” da discussão entre os chamados três “grandes”.

«Mas o que aconteceu foi o contrário e lamento que assim tenha sido. O Boavista, em vez de exemplo a ser seguido, foi uma espécie de alvo a abater por parte de muitos interesses», frisou.

O ex-presidente “axadrezado” descartou a hipótese de que tenha havido «um plano concertado para fazer mal ao Boavista», mas apontou como causas para o seu desmoronar «um jogo de interesses muito forte».

«O título antigamente era a três e agora é quase sempre a dois e isso não é bom para o futebol. Eu acredito num futebol mais democrático e em que todos têm a possibilidade de vencer», defendeu.

Dez anos depois da inédita vitória no campeonato, João Loureiro ainda lamenta que o triunfo «não tenha aberto uma porta por onde outros clubes poderiam passar».

«Não foi assim e tenho pena», sublinhou o agora «apenas sócio boavisteiro», salientando que a época de 1998/99, quando terminou em segundo lugar depois de ter lutado pelo título com o FC Porto, foi a antecâmara do título.

Após ter chegado ao título, seguindo as pisadas do Belenenses, em 1945/46, na intromissão entre os ditos “grandes” na conquista do campeonato nacional, o Boavista mergulhou numa crise sem precedentes, que atirou o clube para II Divisão.

Mesmo assim, João Loureiro foi peremptório a recusar uma possível troca do título pela permanência entre os “grandes”: «Nem sequer são trocáveis».

«Não há nenhum boavisteiro que não se orgulhe deste título. Em mais de 100 anos da história do futebol em Portugal apenas dois clubes, Belenenses e Boavista, conseguiram essa marca para além dos ditos grandes», reiterou.